Em 1993, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, seguindo uma recomendação da Conferência Geral da UNESCO. É celebrado no dia 3 de maio e foi estabelecido como resposta a um apelo de jornalistas africanos. Hoje, em 2025, não são só os de África, há muitos países sem uma imprensa realmente livre.
O Relatório Anual da organização “Repórteres Sem Fronteiras” refere “…o índice de liberdade de imprensa atingiu, em 2024, um nível crítico sem precedentes e o declínio continua em 2025.” Adianta ainda que “… em 34 países verificaram-se encerramentos em massa dos meios de comunicação social, o que levou ao exílio de muitos jornalistas. Isto aconteceu sobretudo na Nicarágua, Bielorrússia, Irão, Sudão, Azerbaijão e Afeganistão.”
Mas nos Estados Unidos, onde menos era esperado um atropelo massivo à liberdade de informar, aconteceu o pior, desde que Trump venceu as eleições. E não vai ficar por aqui.
Não podemos esquecer que, aos países onde imperam ditaduras, há outros com uma terrível de vontade de fazerem-lhes companhia, imporem censura prévia e despedaçar a imprensa (ainda) livre. Na Europa, na “velha Europa livre”, sim.
Os jornalistas desses países têm lutado, juntado esforços, para que o mundo continue a viver sob a liberdade der expressão. Porém, os dirigentes da maioria das organizações democráticas, “enchem a boca” com lindos discursos, mas, não prática, fazem zero.
Como por cá. Todos os poderes vivem numa sofreguidão permanente de atar os braços aos órgãos de comunicação social. Basta estarmos atentos às declarações que altas individualidades da política proferem a jornalistas.
E o capital? Compra empresas jornalísticas para, depois, despedir os profissionais, criar crise no setor e precariedade social. Como pode um profissional da comunicação social fazer o seu trabalho com isenção, tranquilidade e profissionalismo, conhecendo os pérfidos objetivos das suas administrações e direções? Começa aqui um conflito, o drama dos jornalistas e a desconfiança do público.
Usando a minha experiência profissional, no início dos anos 1980, quando iniciei a carreira profissional, trabalhei na Redação de um jornal diário nacional, cujo proprietário e diretor era um homem conservador e católico praticante. Porém, sempre que se dirigia a nós, jornalistas, dizia para fazermos o nosso trabalho, respeitando a Lei e a Deontologia, esquecendo por completo a sua forma de pensar e ver a sociedade. Brilhante! Que falta faz gente assim!
Com as redes sociais, as máquinas bem estruturadas de notícias falsas e os partidos radicais a utilizarem esses meios com mestria, mais necessário se torna a existência de jornalistas e de jornalismo livre, perdoem a redundância. E administrações competentes. Quando até a empresa de Cristiano Ronaldo – Medialivre – a única com lucros, opta por despedimentos coletivos nas redações dos seus jornais, estamos conversados. O jornalismo está mesmo em péssimas mãos. E a culpa não é só dos jornalistas.
Em Portugal, há uma área cinzenta, próxima da raia, em que não existe imprensa regional ou rádios locais. Nem lojas que vendam periódicos! Inadmissível!
E quem tiver curiosidade de escutar as rádios locais nas ondas hertzianas, pasmará! Não ouvirão informação! E esse foi um dos princípios que ditou o seu licenciamento. Depois, se formos ver quem detém a propriedade, encontramos três empresas, sendo duas delas igrejas evangélicas. Tudo serviu para fazer negócios. E monopólios extremamente nocivos à liberdade de imprensa. A sociedade foi criando gente capaz de vender a própria mãe!
Por onde anda a ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social? E a Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas? Pois…dormem a sono solto.
Tudo somado contribui para que a liberdade de imprensa corra riscos. Sérios riscos, diga-se.
Se é fácil de resolver? Não, não é! Mas uma das formas de ajudar é o apoio à existência de jornais diferentes, onde os jornalistas tenham uma forma específica de tratar os factos, sempre em liberdade e independência, detectando em permanência a desinformação. E, principalmente, administrações preocupadas com a Lei de Imprensa, do Trabalho e da Deontologia Jornalística e muito menos com o lucro financeiro. E, claro, uma nova avaliação às rádio locais, quiçá um novo concurso para que emerjam os grupos (incluindo jornalistas) preocupados com tudo isto.
Entretanto, rema-se contra a maré. Mas se não houver quem ajude, qualquer dia esgotam-se as forças e os remos partem, devido à agressividade das ondas. E é o fim da liberdade.

Jornalista