O FC Porto entrou bem no jogo, mais pressionante, mas foi o Sporting que se adiantou no marcador por Gonçalo Inácio, logo aos 6 minutos, de cabeça, após canto do lado esquerdo, no primeiro ataque à área dos “Dragões”. E quando os portistas tentaram reagir, o Sporting fez novo golo, em remate de ressaca, após Gyokeres romper o lado direito da defesa “azul-e-branca”.
A partir daqui, os “leões” geriram bem o jogo, dominaram na maior parte do tempo e voltaram a marcar, por Quenda, aos 24 minutos. A defesa do FC Porto esteve mal nos golos sofridos. A ofensiva sportinguista, liderada por Gyokeres, tinha pela frente uma defesa muito “tenrinha”, mas que viria a endurecer ao longo do jogo.
Apesar do peso dos golos, o FC porto não esmoreceu. Continuou à procura da baliza adversária. E reduziu aos 27 minutos por Galeno, que aproveitou um péssimo alívio de Debast.
À passagem da meia hora havia equilíbrio. E ambos os treinadores, desconfiando do que o outro pudesse fazer, tinham jogadores em aquecimento.
O Sporting continuava mais perigoso quando chegava à área portista e, por esta altura, o jogo passou por momentos confusos, com futebol mal jogado por ambas as equipas, tendo Nico visto o cartão amarelo, após entrada fora de tempo sobre Trincão .
A segunda parte começou com os mesmos “onzes”. E os primeiros 10 minutos foram de jogo dividido, com ambas as equipas a chegarem com perigo às áreas adversárias e qualquer delas a poder chegar ao golo. Faltava eficácia. Porém, o FC Porto estava diferente do que víramos na primeira parte – mais rápido e a jogar de forma desinibida. Uma entrega ao jogo que não podia deixar sossegado Ruben Amorim que ia dandos muitas indicações para dentro do campo.
Quando, à hora de jogo, Vitor Bruno trocou Grujic e João Mário por Eustáquio e Ivan Jaime, estaria longe de imaginar que, no minuto seguinte, Nico reduziria para 2-3 e, logo a seguir, Eustáquio ( acabado de entrar), igualava a partida e dava aos minutos finais mais emoção ainda.
Nesta última fase do jogo, o FC Porto esteve muito melhor. Atacou mais, foi muito perigoso e funcionou bem taticamente; no aspeto físico, pareceu mais fresco.
Aos 85 minutos, foi Kovacevic quem respondeu bem a um remate de Alan Varela. Logo a seguir, foi Fran Navarro colocou a bola no fundo da baliza leonina, mas estava em posição de fora-de-jogo.
O Sporting sentia dificuldades, Ruben Amorim trocou Morita por Daniel Bragança para tentar equilibrar no meio campo leonino que dava sinais de abaixamento de produção e perdia muitas “segundas bolas.”
Nos sete minutos de compensação, veio ao de cima o “coração”, pois a fadiga começava a fazer mossa. E começava a “cheirar” a prolongamento.
Galeno, do FC Porto, foi considerado o “Homem do Jogo”
Aos 90 minutos: 3-3
Os primeiros 15 minutos do prolongamento tiveram um FC Porto mais recolhido ao seu meio campo e um Sporting mais atrevido, apesar de Gyokeres e Pedro Gonçalves acusarem grande desgaste. Pote acabou por ser substituido por Mateus Fernandes.
Aos 101 minutos, Ivan Jaime vê Kovacevic adiantado e faz-lhe um chapéu bem medido, colocando, pela primeira vez o FC Porto em vantagem no marcador. Apesar de estar demasiado à frente, Kovacevic poderia ter feito melhor.
Na segunda parte do prolongamento, a vencer pela primeira vez, Vitor Bruno mexeu na estrutura da equipa, colocando mais um central ( David Carmo), retirando o dianteiro Namaso, ficando as “despesas” da frente para Fran Navarro. Quanto a Ruben Amorim, trocou Gonçalo Inácio por Fresneda e avançou Mateus Fernandes para mais perto de Edwards e Gyokeres, a fim de incomodar a reposta defesa nortenha.
O Sporting teve mais jogo ofensivo, oportunidades para igualar, mas o FC Porto soube segurar a vantagem, nunca abdicando de chegar com perigo ao último “terço” .
A equipa portista, menos experiente e rotinada do que a do Sporting, jogava com uma atitude notável, não permitindo que o domínio do Campeão Nacional se traduzisse em golos.
Os “leões” foram avassaladores nos últimos minutos, mas o FC Porto não deu uma bola por perdida e venceu, com mérito, um jogo que não lhe correu nada bem na primeira parte.
E virar de uma desvantagem de três golos contra o Sporting Campeão Nacional e de grande qualidade não é para todos. Foi para um FC Porto em que todos os alguns dos seus “internacionais” viram o jogo da bancada.
Uma conclusão podemos tirar, estiveram frente a frente duas equipa de muítissima qualidade. Resta saber se vão corresponder no campeontao, uma vez que este jogo não tinha sequência, tratava-se de uma final.
Ficha do Jogo
Estádio Municipal de Aveiro Mário Duarte
Árbitro: João Pinheiro
FC Porto: Diogo Costa; João Mário, Zé Pedro, Otávio e Martin Fernandes; Alan Varela, Grujic e Nico; Gonçalo Borges, Namaso e Galeno.
Suplentes: Cláudio Ramos, David Carmo, Eustáquio, Vasco Sousa, Iván Jaime, André Franco, Fran Navarro, Tony Martinez e Gonçalo Sousa.
Treinador: Vítor Bruno
Substituições: Grujic e João Mário por Eustáquio e Ivan Jaime; Nico por Vasco Sousa; Gonçalo Borges por Fran Navarro; Namaso por David Carmo.
Cartões Amarelos: Nico, Varela e Diogo Costa
Golos: 1-0, Gonçalo Inácio; 2-0, Pedro Gonçalves; 3-0, Kenda
Sporting: Kovacevic; Quaresma, Debast, Gonçalo Inácio e Quenda; Hjulmand, Morita e Catamo; Trincão, Gyokeres e Pedro Gonçalves.
Suplentes: Franco Israel, Fresneda, Diomande, Muniz, Esgaio, Daniel Bragança, Mateus Fernandes, Edwards e Rodrigo Ribeiro
Treinador: Rubén Amorim
Substituições: Trincão por Edwards; Morita por Daniel Bragança; Debast por Diomande; Perdro Gonçalves e Gonçalo Inácio por Mateus Fernandes e Fresneda
Cartões amarelos: Quaresma, Ruben Amorim e Diomande
Golos:1-3 por Galeno; 2-3 por Nico ; 3-3 por Eustáquio; 3-4, por Ivan Jaime
A voz dos protagonistas
Ruben Amorim: “Foi uma lição para nós“
“É difícil encontrar uma explicação para o que aconteceu. Até aos 3-2, tirando os primeiros momentos do jogo em que fomosm pressionados e tivemos dificuldade nas saídas, estivemos sempre mais perto do golo e jogámos melhor, e o FC Porto optava por lançamentos na frente que nós controlávamos sem grande dificuldade. Até ao 3-2 tivémos o controlo do jogo. A partir daí, a parte psicológica também começou a jogar contra nós. Só mexi no jogo quando percebi que o Morita estava a perder muitas segundas bolas; até lá, estva a jogar muito bem.”
Que impacto pode ser este resultado?
“Sabemos que este jogo vai ter algum impacto nos adeptos e em toda a gente do Sporting, pois somos uma equipa qu quer ganhar todos os jogos e conquistar títulos e, calro, esta derrota tem impacto.”
Até onde pode ir esse impacto?
“Depende da forma como levarmos isto – se pela parte negativa ou pela positiva. O importante é que os jogadores vão para o campo sempre com as nossas rotinas, sempre com a nossa forma de jogar. SE formos para o campo tranquilos, os resultados vão aparecer. É tõa difícil o que hoje aconteceu, que nós vamos querer compensar de imediato. Mas eu senti que estivemos sempre no controlo do jogo, só tínhamos que melhorar em momentos decisivos. Já vivemos isto, aprendemos mais um bocadinho, este jogo foi uma lição para nós, mas por mais difícil que seja, não consigo chegar junto da equipa e dizer que jogámos mal.”
Mérito do FC Porto ou demérito do Sporting?
“É impossível não haver demérito quando uma equipa está a ganhar por 3-0 e com o jogo controlado. E também mérito para o FC Porto que acreditou sempre.”
A exibição do Desbast, que teve influência no golo do FC Porto?
“Acertou números passes, quer na frente quer interiores e foi bom na saída de bola. Acho que contratámos um craque! Não o trocava por nenhum “central” do mundo.”
Vitor Bruno: “O intervalo foi um momento muito importante no jogo.”
“Hoje fomos felizes, não podemos negá-lo. Podia ter caído para quaquer lado. O intervalo foi um dos momentos mais importantes para nós. Serviu para apelar ao que é nosso, tranquilizar e voltar a acreditar no que foi trabalhado nestas 40 e tal unidades de treino. Os jogadores aceitaram o repto e foram à luta com coragem, com valores que são muito próprios da “massa FC Porto” e, quando assim é ,estamos sempre muito mais perto de reverter algo que até possa parecer difícil de alcançar.”
Entrar a “mandar”, mas cair logo aos 6 minutos…
“Sim, entrámos muito bem. Os primeiros cinco minutos foram de nível altíssimo, queríamos condicionar todos os canais de saída de bola ao Sporting e fizêmo-lo bem. Criámos problemas, o Sporting ficou desconfortável e até podíamos ter feito um golo com o Namaso. Na primeira aproximação do Sporting à nossa área, sofremos um golo de canto. Passados dois ou três minutos, sofremos o segundo. E aí senti a equipa perdida em campo. Faltou, se calhar, a voz do treinador naquele momento, para tentar serenar, acalmar. Porque depois há a tentação dos jogadores irem à procura daquilo que parece perdido, mais na base da emoção e não tanto da razão. E isso acabou por ditar o terceiro golo do Sporting. Quando fizemos o 3-1, penso que o momento decisivo, a equipa estabilizou.”
E o regresso ao balneário para uma reflexão…
“O momento no balneário, que foi muito importante. Os jogadores tinham de agarrar a nossa ideia. Um golo podia mudar a história do jogo. E isso aconteceu.”
Uma vitória que veio do banco
“Quem entrou acrescentou valor. Foi também uma mensagem que passámos. Para que todos percebam que são importantes, quer joguem mais ou menos tempo. Aqui não há melhores ou piores, todos temos a nossa função bem definida e se a comprirmos, temos de ficar satisfeitos. O Vtor Bruno do passado é igual ao Vítor Bruno de agora; a diferença é que tenho de tomar decisões, faz parte do meu trabalho. A equipa de facto estabilizou com a entrada dos jogadores. O Eustáquio, conheço-o bem e só deixou de competir há muito pouco tempo, o “Vasquinho” (Vasco Sousa), que tem 1,70 de altura mas é um gigante no caráter, capacidade de trabalho e talento. Sempre que o lanço, sei que vai dar resposta positiva. “
Conhecer os jogadores é um trunfo?
“É uma vantagem. Conheço-os como ninguém!E onde estão as suas raízes. Para mim não foi novidade a forma como se reergueram, sobretudo porque eu sei aquilo que eles são capazes de ir buscar em momentos de dificuldade. Sei que têm muitos gatilhos para irem buscar “lá dentro” a força que parece estar escondida. Têm essa capacidade e nós fomentos isso todos os dias no Olival.”
Um final sofrido…
“Sim , fizemos o 4-3, tivemos alguma felicidade.Depois, foi sofrer. Juntos, agarrados àquilo que é o nosso espírito e agarrar os desígnios e valores desta gente que tanto trabalho, com tanta paixão, é brava, é estóica. Agarrámos também a forças dos nosssos adeptos, sempre essenciais, e obtivemos uma vitória sofrida mas muito saborosa.”
Reportagem OC : Alberto Jorge Santos (texto) e Vítor Lima (fotos)
Jornalista