O Alexandre tinha cinco filhos. Ao longo dos anos, foram construindo as suas próprias famílias. Genros e noras passaram pelas normais situações problemáticas da vida conjugal. Num desses longínquos Natais, ficaram apenas quatro casais à mesa e o viúvo. O quinto casal, sem motivo aparente, simplesmente não compareceu.
No ano seguinte, apenas três filhos e respectivas famílias vieram confraternizar com o Alexandre e, no ano seguinte, a mesa ficou completamente vazia. O Alexandre tentou, de todos os meios ao seu alcance, reunir a família no Natal, mas nada conseguiu… (nunca percebeu a razão da debandada da filharada).
Os anos sucederam-se e a mesa era posta com todas as iguarias referentes à quadra natalícia e com os lugares dos filhos na mesa, como era hábito. Mas apenas o Alexandre convivia na mesa natalícia.
Um dia, o Alexandre conheceu uma senhora, mais nova do que ele dois anos, e juntaram os trapinhos!
Chegou o Natal e a Dulce perguntou:
– Alexandre! Porque razão colocaste tantos lugares na mesa e tantas iguarias, se somos só os dois?
– Não te preocupes… Um dia, os meus filhos voltarão!
Passaram-se mais alguns anos e tudo continuava na mesa, ou seja, a mesa posta, com todas as doçarias e todos os lugares dos filhos, dos genros e das noras…
Passaram-se dez anos e, no início de Dezembro de 2015, o Alexandre recebeu um telefonema do seu filho mais velho e foi encontrar-se com ele. O filho pediu desculpa pela forma como ele e os irmãos se comportaram ao longo dos últimos dez anos. E na noite de 24 de Dezembro de 2015, o Alexandre passou o melhor Natal da sua vida.
As lágrimas corriam no seu rosto quando viu finalmente os filhos, genros e noras sentados na mesa que foi testemunha de tantos Natais passados na dor da solidão…
Músico/Colaborador