Num país de emigrantes e imigrantes, o sentimento insular foi mais vigoroso e a canção da banda madeirense, que fala sobre o regresso a casa, tem sido amplamente partilhada no Tik Tok, sobretudo por estudantes, onde coleciona já um milhão de reproduções no Spotify.
“Novo hino dos imigrantes”, “hino do estudantes deslocados”, lê-se em comentários vários nas redes sociais. “Por mais que possa parecer eu nunca vou pertencer àquela cidade“, entende-se na música, que contou até com o apelo ao voto do presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque. Os NAPA vão representar Portugal, na 69ª edição da Eurovisão, que vai realizar-se este ano. Em 2017, Portugal venceu pela primeira e única, o concurso com a canção Amar pelos dois, de Luísa Sobral, interpretada por Salvador Sobral.
Assim se entende a razão pela qual, a canção “Cotovia” de Diana Vilarinho, tenha obtido o 1º lugar na votação do júri, enquanto a canção vencedora, apenas obteve um 4º lugar e tenha ficado em segundo lugar.
Mas as canções a concurso, não foram os únicos momentos musicais da competição. Com recurso a inteligência artificial (IA), os rostos dos últimos vencedores da Eurovisão foram substituídos pelos dos apresentadores Vasco Palmeirim e Filomena Cautela. Os deepfakes colocaram os dois apresentadores a “interpretar” momentos icónicos do festival dos últimos anos, de artistas como Nemo, Loreen, Duncan Laurence ou Måneskin.
Filomena Cautela e Vasco Palmeirim estiveram muito bem como apresentadores do festival e chamaram ao palco João Borsch (que ficou em segundo lugar no ano passado, onde venceu na votação do público) com os excelentes convidados Maria João e Huca, Mostraram versões de Refrain, de Lys Assia (a primeira vencedora da Eurovisão), The Code, a canção que deu o troféu internacional a Nemo em 2024 e ainda Ne Partez Pas Sans Moi, da Suíça interpretada por Céline Dion.
Os Expresso Transatlântico, tiveram como convidados Ana Lua Caiano e The Legendary Tigerman e homenagearam Carlos Paredes, histórico guitarrista que faria 100 anos em 2025 , com temas como Movimento Perpétuo, Canção, Mudar de Vida e Verdes Anos
Acabou por ser uma vitória renhida para os NAPA, antes conhecidos por Men On The Couch, a banda portuguesa de indie pop e indie rock formada na Madeira. Foram os votos do público a fazer a diferença na ascensão à vitória de Deslocado. A canção “Cotovia“, de Diana Vilarinho, a obteve a maior pontuação por parte do júri. O prémio máximo do público foi para “I wanna destroy you“, de HENKA.
Classificação final:
1. ‘Deslocado’, Napa – 17 pontos (4º lugar júri; 2º lugar televoto) 2. ‘Cotovia’, Diana Vilarinho – 17 pontos (1º lugar júri; 6º lugar televoto) 3. ‘Medo’, Fernando Daniel – 16 pontos (3º lugar júri; 3º lugar televoto) 4. I Wanna Destroy You’, Henka – 12 pontos (11º lugar júri [ex-aequo]; 1º lugar televoto) 5. ‘Tristeza’, Josh – 12 pontos (6º lugar júri; 4º lugar televoto) 6. ‘Calafrio’, Jéssica Pina – 12 pontos (2º lugar júri; 9º lugar televoto) 7. ‘Apago Tudo’, Bombazine – 8 pontos (9º lugar júri; 5º lugar televoto) 8. ‘A Minha Casa’, Marco Rodrigues – 7 pontos (8º lugar júri; 7º lugar televoto) 9. ‘Eu Sei Que O Amor’, Margarida Campelo – 6 pontos (5º lugar júri; 11º lugar televoto [ex-aequo]) 10. ‘Adamastor’, Peculiar – 4 pontos (10º lugar júri; 8º lugar televoto) 11. ‘Rapsódia da Paz’, Emmy Curl – 4 pontos (7º lugar júri; 11º lugar televoto [ex-aequo]) 12. ‘Ninguém’, Bluay – 1 ponto (11º lugar júri [ex-aequo]; 10º lugar televoto)
Observação final:
A qualidade das canções e interpretações, foi superior aos últimos anos. A dinâmica dos quatro apresentadores foi enérgica e com “timings” precisos. O desenho de luz foi brilhante e a realização muito boa. Fico com pena que a Diana não tenha vencido, até pelos laços que me prendem a Montemor-o-Novo que me recebeu com a tenra idade de nove meses.
Músico/Colaborador