Talvez porque me encontro naquela fase da vida, que muitos designam, de forma muito esclarecedora, como a segunda vida ativa, o tema da Economia da Longevidade, tem ocupado muito do meu tempo, quer no estudo e análise, quer na divulgação dos desafios tão relevantes, que tem subjacentes.
Pensar que em 1961, o ano em que nasci, a esperança de vida em Portugal era de 62 anos e atualmente se espera viver mais 20 anos, saber que em 1950, apenas 16 % dos recém-nascidos chegaria aos 80 anos e hoje a probabilidade aumentou para 67 %, é sem dúvida para celebrar!
Mas, está cada um de nós preparado para viver tanto tempo? Estão os nossos líderes sensibilizados e focados na adoção de políticas que tenham em atenção esta realidade, tão transformadora, a tantos níveis, das sociedades e das economias?
Não, é claramente a resposta às 2 perguntas!
Estar focado nesta realidade atual e nas transformações urgentes que são necessárias efetuar, antes de mais, é centrar a definição de idoso, não nos anos que se fazem, mas nos anos que ainda se tem para viver!
Cada um de nós, as instituições e os detentores do poder político, têm de assumir que a preparação para uma vida mais longa, que é necessário cuidar desde a juventude, é um dos desafios mais relevantes das sociedades atuais e deverá estar presente no processo de decisão política.
Como alguém já escreveu, este tema não se trata sob a forma de como fazer quando se está no fim da vida, mas o que se deve fazer durante a vida…
Na área da saúde, particularmente, é fundamental investir mais ao nível da prevenção da saúde física e psicológica, o facto de ser necessário financiar vidas mais longas, faz ganhar ainda mais relevância, a exigência de bons níveis de literacia financeira das populações, com muito maus indicadores em Portugal… O crescimento e desenvolvimento de setores de atividade ligados à alimentação saudável, ao lazer, ao turismo, à formação ao longo da vida, à atividade desportiva e muitos outros, despertam também novas e diferentes oportunidades de negócio, para um mercado também já alterado, seguramente mais envelhecido, mas cada vez com maior potencial económico.
Exemplificando, todos sabemos que atualmente nos confrontamos, com muitas situações de demência de pessoas, ainda com muitos anos para viver e todos estamos sensibilizados para pagar a quem trate deste tipo de problemas, mas mais fácil ainda é concluir, que mais disponíveis estaremos, para pagar a quem nos ajude a evitá-los.
Caro leitor, com este meu simples texto, pretendi apenas fazer uma primeira e superficial abordagem sobre um tema, que espero pormenorizar em futuras crónicas. Trata-se de uma nova área social e económica já muito estudada e trabalhada noutros países, sob o tal nome de Economia da Longevidade, mas que basicamente visa preparar cada um de nós, cada Estado e os diversos setores da atividade económica, para este grupo de pessoas com elevada dimensão e em crescimento, que simplesmente o que pretende é ter qualidade de vida, saúde, dinheiro e amigos, ainda que, para bem das finanças dos Estados, também possam continuar a contribuir, diretamente para a riqueza dos países, numa segunda vida ativa.
Economista Conselheiro e Consultor