Bolas de Natal: uma tradição que sempre fez parte do nosso imaginário. Objetos únicos, delicados e mágicos, herança de uma tradição secular e misteriosa, ignorada pela maioria.
Independentemente de serem árvores verdadeiras, ramos ou pirâmides de madeira, estas árvores de Natal primitivas eram decoradas com fruta, sobretudo maçãs vermelhas, e, mais tarde, com hóstias profanadas, rebuçados, fitas de tecido e pequenas bugigangas. Na Alemanha, havia o costume de decorar as árvores de Natal com pão de gengibre e maçãs cobertas de ouro, e outros doces deliciosos, bem como rosas recortadas em papel multicolorido, e folha de ouro.
A maçã vermelha é antepassada das bolas de Natal
Ainda hoje, as maçãs são utilizadas como decoração de Natal em alguns países. Na Polónia, a árvore de Natal é decorada com maçãs, laranjas, doces, chocolates embrulhados em papel colorido, nozes embrulhadas em papel de alumínio. Em Itália, nomeadamente no sul do Tirol, as árvores são decoradas com maçãs vermelhas ao natural, mas também com maçãs caramelizadas. Para além disso, a casa é decorada com decorações tradicionais e originais feitas de maçãs. No País de Gales, continua a ser
popular o “Calennig”, uma decoração que é exposta nas casas ou oferecida aos amigos como um sinal auspicioso para o Ano Novo.
As primeiras bolas de Natal.
Com o passar do tempo, muitas outras formas de decorar a árvore tornaram-se populares: enfeites de Natal de todos os tipos, bolas de Natal feitas à mão, até às modernas luzes de Natal. Segundo a tradição, as primeiras árvores de Natal simbolizavam a Árvore da Vida do Jardim do Éden…
O inverno de 1858 em França foi particularmente rigoroso e a colheita de maçãs vermelhas não foi boa. Havia poucas maçãs, nem sequer o suficiente para sustentar a população e muito menos para decorar a árvore de Natal. Foi então que um artesão da pequena aldeia de Goetzenbruck, que albergava desde o início do século XVII uma fábrica especializada no fabrico de vidro de relógio, teve uma ideia original. Uma vez que no fabrico do vidro de relógio o vidro era cortado em bolas que depois eram sopradas, este senhor pensou que as bolas de vidro poderiam ser sopradas e transformadas em decorações cintilantes para a árvore de Natal da aldeia. A sua ideia teve um sucesso imediato e, desde o início, foram produzidas em Goezenbruck, para além do vidro ótico, bolas de vidro para a árvore de Natal, que rapidamente foram exportadas para todo o mundo.
A produção continuou até à década de 1960, altura em que as decorações de plástico começaram a impor-se.
Devo confessar que quem leu o título inicial, terá ficado surpreendido ou chocado quando eu escrevi ora bolas…Não que eu quisesse diminuir, ou até menosprezar o Natal!, mas simplesmente, contar a história do aparecimento das bolas de Natal! Nos meus saudoso natais em Montemor-o-Novo, em casa dos meus avós, pela calada da noite aproximava-me da árvore de natal, desembrulhava cuidadosamente as pratas dos chocolates que logo eram preenchidos com algodão e assim ficavam disfarçados até à sua descoberta…Nem sequer pensava na altura que a maioria, senão todos os chocolates eram para mim.
Há muitos anos, pertenci ao grupo de teatro Gerifalto de António Manuel Couto Viana, um homem que além de ter escrito mais de uma centena de publicações, na maioria de poesia, dedicou parte da sua obra ao teatro infantil e juvenil. E numa das suas peças dedicadas ao Natal, ela iniciava da seguinte forma:
– Natal! Natal! Noite horrível, noite horrível. Todos tiveram lindos presentes no sapatinho e eu não tive nenhum…
Ainda bem que eu no,título, coloquei ora bolas!…
Músico/Colaborador