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Terça-feira, Setembro 17, 2024

Ama e faz aquilo que quiseres – Por Inês Roseta

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Inês Roseta
Inês Roseta
Professora de Ashtanga Yoga e de Meditação Yoga. Terapeuta Especializada em Anatomia Funcional.

“Yoga e a sua compatibilidade com qualquer religião”

Este é um tema com a qual muitas pessoas se confrontam. 

Gostaria de esclarecer, que Yoga não é uma prática religiosa.  

Yoga é um caminho, que se pode escolher percorrer, ou não!  

Yoga é acima de tudo uma disciplina de autoconhecimento e quando nos conhecemos melhor, somos capazes de entender, o que realmente precisamos, para ser e viver de forma mais equilibrada.  

Torna-nos mais flexíveis física e mentalmente, quanto mais maleável for o nosso corpo, mais elásticos serão os nossos pensamentos.  

Tal como qualquer disciplina de autoconhecimento, requer tempo, estudo, atenção e perseverança.   

O yoga não está ligado a nenhuma religião, é uma prática que permite identificar os nossos dons, identificar as nossas características, as nossas limitações, permitindo-nos viver uma vida mais serena.  

Quando vivemos em paz e tranquilidade, é mais fácil identificar, gerir e controlar as nossas emoções.

Não há nenhum texto na Índia que diga que o Yoga pertence a uma certa categoria de pessoas ou a alguma religião concreta.

Muitas pessoas não estão informadas e pensam que o yoga está ligado ao Hinduísmo, só porque ambos tem origem na India.

Na Índia não há apenas uma religião, há muitas culturas, há muitas religiões e muitos idiomas. A índia é o berço de várias religiões do mundo, como hinduísmo, budismo, jainismo e sikhismo. É um país que abriga uma significativa população muçulmana e cristã.

Inês Roseta
Rashid (رشيد) ou Roseta (tradução de árabe para português)

A Índia, é um país em que a espiritualidade fervilha a cada esquina, onde é comum ouvir pessoas a rezar na rua.  

Cada pessoa presta culto de forma livre, à divindade ou religião com que mais se identifica, orgulham-se, “vestem-se” ou pintam a testa demostrando qual é o seu Deus protetor, sem medo.  

Eu vivi um momento maravilhoso no Sul da India, enquanto rezávamos o terço numa capela católica, em que eles diziam a primeira parte da Ave-Maria em “malayam”, língua oficial do estado de Kerala e eu respondia em português. No mesmo momento ouvimos rezar mantras a Ganesha uma divindade Hindu e os muçulmanos eram chamados para a sua oração através dos altifalantes.  

A espiritualidade que se vive sente-se também no respeito que cada um tem pela religião do outro.  

Na Índia seguem ou procuram o seu Dharma, a sua verdade eterna, o seu caminho autêntico, o seu dom.  

Arrisco a sugerir que as pessoas do mundo inteiro procuram o mesmo, apenas lhes chamam outros nomes.   

Eu sou católica e sou praticante. Quando comecei a praticar Yoga, várias vozes me alertaram para não o fazer, porque era um caminho perigoso e que estava a abrir portas ao demónio.

Inês Roseta
Sou católica e sou praticante

Graças a Deus …  que não lhes dei ouvidos! Mas fui perceber as origens, fui estudar, fui perguntar e fui informar-me.  

Não desisti do Yoga porque era algo que me fazia sentir bem, só porque alguém me enviou um texto copiado da internet, ou me quis “assustar” e ou “controlar” 

E deixo um conselho a quem tem dúvidas. Só porque me ouviram ou leram não deixem de questionar e fazer as vossas próprias pesquisas.  

Infelizmente com a facilidade com que se acede à informação, perdeu-se o sentido critico, perdeu-se a curiosidade de procurar saber e ir à fonte … sobretudo perdeu-se a qualidade de sentir o que é bom ou mau para nós.  

Pratico diariamente a minha religião! Pratico e ensino todos os dias Yoga! 

O yoga veio aprofundar em muito a minha espiritualidade, o facto de me conhecer melhor ajuda-me na minha própria autoeducação! Estar mais presente, mais consciente das minhas características, boas e más, permitindo-me ir equilibrando a balança da minha vida!

Inês Roseta
Pratico Yoga todos os dias

As premissas do yoga e das religiões são semelhantes e em nada contraditórias: não violência, verdade, honestidade, entrega, aceitação, pureza, autocontrolo, desapego, não egoísmo…  

Os que se entregam à vida religiosa, seja qual for a fé costumam falar num chamamento, deixam tudo por Deus, é um verdadeiro mistério! E para tantos de nós muito difícil de entender.   

Esse mistério chama-se … amor!  

“Ama e faz aquilo que quiseres” escreveu Santo Agostinho, nós somos livres, temos poder de escolha, a vida é para viver em amor, em liberdade, sem julgamento e sem medo.   

Ama e faz aquilo que quiseres …  

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