Está tudo doido! Agora alicia-se pessoas para comícios acenando com dinheiro. Aníbal Pinto da Nova Direita, assim o fez, no Porto. Qualquer dia temos cenas de striptease.
Eu conheço bem o irmão, mas este texto nada tem contra a pessoa em si, mas por a sua tomada de posição, unicamente. Não concordo.
Lembro-me da oferta de electrodomésticos, mas, que me recorde, era para votar no PSD representado em Gondomar por Valentim Loureiro. Um bem é diferente de dinheiro. Neste caso é dinheiro para assistir a um comício. Quando for para pedir o voto, vamos ver o que vai ser oferecido.
A banalização da política espectáculo está aí e para durar. Esta forma de fazer política não tem retorno. O fundamental é a caça à atenção, e depois ao voto das formas mais mirabolantes. Quando mais se choque a opinião pública melhor.
Oferecer notas de 5 euros a partir de um drone é uma ideia bem esgalhada, mas vai contra os valores e princípios democráticos.
Quando o exercício de pensar e cativar pelas nossas ideias vão para o sótão e são promovidas por cenas e dinheiro está tudo dito.
A popularidade e o êxito são conquistados não tanto pela inteligência e probidade, mas sim pela demagogia e pelo talento histriónico.
A política vive num mundo em que não há maneira de se saber o que é correcto, tudo o é e já nada o é.
Os valores morais, a elegância de pensamento, o saber e o bom gosto estão démodés.
Nem sei se valha a pena estar a escrever estas linhas, pois a sua repercussão é mínima ou zero, mas não consigo optar pela comodidade do silêncio.
Temos o exemplo de Donald Trump que venceu as eleições nos EUA pela ajuda de cerca de 300 milhões de euros de Elon Musk.
O dinheiro comanda a vida, e agora, a democracia. É grave, delicado, preocupante e perigoso.
A democracia não pode estar à mercê de novos ricos, mas de gente de bem e com berço.

Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores