“A saúde mental tem de ser uma prioridade global, local e nacional no que à governação e ao financiamento diz respeito”, realçou o vereador da Saúde na Câmara Municipal de Setúbal, Pedro Pina, indicando a necessidade de “serviços comunitários articulados com serviços hospitalares e com cuidados de saúde primários, de uma cobertura regular dos serviços hospitalares de psiquiatria e saúde mental, sem assimetrias”, mas, principalmente, “de mais profissionais de saúde no SNS – Serviço Nacional de Saúde, valorizando a sua formação, carreira profissional e colocação onde mais falta fazem”.
A médica psiquiatra Ana Matos Pires, da Coordenação Nacional das Políticas de Saúde Mental, qualificou a carência de recursos humanos saúde mental na infância e na adolescência como uma “área problemática e de particular deficiência”, adiantando que, na região sul, o SNS apenas tem estes psiquiatras em Setúbal e Beja.
“Ou há uma vontade política real de investimento nesta área ou então o Serviço Nacional de Saúde, que é para isso que trabalhamos e que, do meu ponto de vista, é a terceira conquista de Abril depois da Democracia e da Liberdade, terá forçosamente de ser assumidamente encerrado”, afirmou Ana Matos Pires.
Já a presidente da APPIA – Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Paula Cristina Correia, salientou que as perturbações mentais são atualmente o principal problema de saúde pública na Europa e abrangem todos os grupos etários. “A OMS estima que 20 por cento das crianças e adolescentes apresentam, pelo menos, uma perturbação mental antes de atingir os 18 anos de idade”, adiantou a responsável.
O XXXIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência, organizado em parceria com a ULSA, com o apoio da Câmara de Setúbal, contou com o contributo de um conjunto de especialistas nacionais e internacionais para promover a reflexão crítica e abordar diversos temas relacionados com os desafios que se colocam à saúde mental na infância e na adolescência.
O encontro incluiu a realização de dois workshops sobre o “Impacto da sociedade atual no desenvolvimento da Identidade e da Psicopatologia do Adolescente – Discussão de casos clínicos”, pelo psiquiatra grego Dimitris Anagnostopoulos, e “Terapia Comportamental
Dialética – Building a life worth living”, orientado pela pedopsiquiatra Tânia Duque.
Realizaram-se mesas de debate sobre “Vulnerabilidades e Resiliência a Nível das Equipas Comunitárias de Saúde Mental”, “Vulnerabilidades no Divórcio” e “Instituições e Jovens com Perturbações do Comportamento: Desafios e Abordagens”, “Vulnerabilidades na primeira Infância”, “Impacto da Violência”, “Situações de crise e vulnerabilidade na Adolescência” e “Identidade e Doença Mental”.
O XXXIV Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e Adolescência terminou com a entrega do prémio Dr. João Santos, atribuído a trabalhos de investigação científica na área da saúde mental.
OC/MP
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Jornalista free-lancer