REGINA CORREIA, luso-angolana, é licenciada em Filologia Germânica, pela Faculdade de Letras de Lisboa. Foi professora do ensino secundário em Angola, em Portugal e na Alemanha. Tem coordenado projetos e eventos culturais de poesia e música, sobretudo junto de instituições cabo-verdianas. Premiada em Portugal e no Brasil, é autora de prefácios e recensões públicas de livros. É membro da Associação Portuguesa de Escritores (APE).
Falar de poesia com a autora é embarcarmos numa jornada singular através de paisagens poéticas que nos levam a uma geografia de emoções.
A sua linguagem poética é extrema de sentimentos e pensamentos que nos abraça e tantas vezes nos mostra a fragilidade humana que se movimenta entre os desertos interiores e os oásis. Levando-nos, pois, a uma autorreflexão.
Gosto da poesia de Regina Correia por nos reencontramos e refletirmos na própria existência. Encontro no seu registo poético a força que nos impulsiona até à intimidade do poema onde mora o grito, o eco, a voz, anseios e esperanças. Somos, pois, convidados a reconhecer as nossas próprias glórias e lutas, júbilos e inquietações.
Se o amor, o erotismo, a natureza, estão presentes na sua escrita, também as tristezas e incertezas, inquietudes e desamores, estão explícitas.
Entre 1989 e 2023 publicou seis obras, duas de ficção: “Os Enteados de Deus”, “Uma Borboleta na Cidade”; e quatro obras de poesia: “Noite Andarilha”, “Sou Mercúrio, Já Fui Água”, “Conjugação de Mapas”, “No Coração dos Desertos e outros Oásis”.
Os seus livros refletem as suas vivências humanas e interiores enriquecidas com a sua intrínseca ligação à terra quente de África, aos embondeiros e jacarandás. Regina traz na alma e na pele a musicalidade de um povo.
Se algum traço psicológico poderei traçar sobre Regina Correia será a ternura e o olhar doce. A subtilidade dos seus afagos. Quando a conhecemos ficamos rendidos à intensidade e persistência com que vive e nos promete.
Reconheço nesta mulher a coragem e a entrega da alma ao que escreve e a quem a lê. Dá-se inteira e plena em cada verso, mesmo quando a vida se apresenta mais árida e o oásis é uma miragem.
“Amantíssimas as pedras
onde as águas enraízam.
A vida morde, pulsa na
Atadura dos desertos.
Arma os poetas, vicia.
Além da pedra esse rio.
Do sémen à flor eixo de
Tempo, compasso e marés.“
Professora e Escritora