“A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha”. Sá Carneiro. Os nomes são fictícios e a escolha é uma alegoria, juntando os discípulos de Jesus Cristo (JC) porque têm especial importância na referência às 12 tribos de Israel.
Após a ressurreição de JC, outros homens foram enviados, como apóstolos, cumprindo o poder que JC deixou à Igreja para falarem em Seu nome. Grande confiança no Ser Humano. Estava tão enganado. São os primeiros presbíteros, ultrapassando o número inicial dos 12 apóstolos. Um tema interessante e ao mesmo tempo apaixonante, que pode ser ligado “às cunhas” na Função Pública, nos Recursos Humanos. Gosto de começar pelo fim: Que diferença fará ao Ministério Público, em Portugal, investigar um concurso publico que envolva dinheiro no pagamento de bens e/ou serviços ou um concurso público de Recursos Humanos? Nenhuma, respondo. Ambos, são pagos com dinheiros públicos.
Isto serve de reflexão e homenagem às centenas de pessoas que ouviram ao longo da sua vida: “mas o lugar já esta destinado ao Tiago.” “Oh pá! não concorras porque o concurso abriu, para o Paulo.” “Para que te chateias, não leste a abertura? encaixa no perfil, da Alexandra” (igualdade de género, com os discípulos). Depois disto, a delícia, a cereja no topo do bolo, é a brincadeira da entrevista pública, que de público pouco tem, mas que serve para escolher a candidatura do eleito de “forma limpa”.
Isto acontece há décadas, seguramente, desde o 25 Abril, em democracia. A culpa é de todos os partidos que usam este subterfúgio para introduzir no sistema, não quem é o melhor, não quem acrescenta valor mas “os seus amigos na Função Pública” e a quem devem favores partidários. A famosa produtividade, que tanto apregoam. Quando me refiro aos partidos, são os do arco da governação. Ao longo dos anos fui percebendo que militantes “carismáticos” de partidos tinham os seus filhos empregados na Função Pública e a sua militância “ideológica” não existia, a não ser por interesses pessoais.
Factual. Trago este tema à discussão/reflexão, em geral e abstrato para alertar os cidadãos do Princípio da Igualdade, da Constituição. Se analisarem o mapa administrativo, organizacional do Estado, estão configurados, além do que me foge, como agências (aos magotes): Ministérios; Secretarias de Estado; Municípios, Empresas Municipais; Juntas de Freguesia; Comunidades Intermunicipais, Agências; Institutos, Associações; Áreas Metropolitanas; Empresas (monopolistas); Comissões; Organizações; Entidades Reguladoras; Reguladores, etc… Ufa, contei, 15.
Mas se estiverem atentos, acrescentam ainda mais. É um Estado demasiado interveniente, onde se aplica o “olha para o que eu digo, mas não olhes para o que eu faço” pelo facto, de que nenhum país cresce, nem fixa talento com tanto Estado e concursos de vício, onde não recrutam os melhores, mas sim os mais “aptos para a cunha”. Realidade que não muda, nos dias hoje? Exemplos: o que se vai sabendo do Dr. Nuno Rebelo e as virtuosidades nos convites “institucionais” que fez, ao seu Pai.
Gostaria de saber como foi escolhido para presidir, por coincidência, nos anos de 2017 a 2022 à Câmara de Comercio do Brasil? Este exemplo encaixa na reflexão: se os mais altos representantes do Estado assumem, mesmo nas condenações em Tribunal, a sua culpa, porque é que “a mantra” não se mantêm em todos os órgãos com poder de decisão e com dinheiro? A escolha é fácil e refugia-se sempre na ata final do concurso, que pode ser adequada ou não, a interesses de quem manda.
Nós, o povo, somos de brandos costumes e por isso, assuntos destes “morrem à nascença”, para gaudio dos promotores deste caminho. Só os pequenos partidos, com coragem, podem mexer nisto, de forma responsável, trazendo às famosas comissões de inquérito, estes assuntos. Admito que os dados estão viciados há anos, de baixo para cima, na Função PÚblica. Um em cada 5 não foge à regra. Outro exemplo delicioso: uma técnica cumprimentou um amigo (estava presente) e disse “Amanhã vou para chefe…?” Repliquei: “Mas o concurso/entrevista é amanha?”. (Já prescreveu, este assunto). Respondeu “é proforma.”. Imensos exemplos: um destes últimos anos, ouvi num corredor, um comentário de um Presidente: “Esta sobe na vaginal…”.
Não acredito que tudo seja assim, mas a brejeirice deste senhor, assenta na falta de carácter e princípios básicos. Fiquem cientes das cunhas, do deboche, do assédio moral e sexual, dos interesses no SIADAP que são brutais e habilmente tendenciosos na Função Pública. É uma reflexão que deixo para memória futura da nossa comunidade e das novas gerações.
Não me importo com os políticos, os gestores públicos, a justiça deste país que nunca fizeram mais do que viver à custa dos contribuintes e nunca foram, a parte da solução, mas sempre um problema. Eu, hoje, na Rússia de Putin, estava deportado, depois de escrever este artigo, para a Sibéria. Acabaria como o Alexei Navalny que já ninguém recorda.
Felizmente, ainda estamos na Europa, com todos os defeitos, mas não podemos calar porque a liberdade ainda é o único bem inalienável que nos resta em democracia.“O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for.” Francisco Sá Carneiro
Docente na Atlântico Business School/Doutorado em Ciências da Informação/ Autor do livro ” Governação e Smart Cities”