“Elon Musk está a tentar influenciar as eleições federais com as suas declarações”, acusou Christiane Hoffmann, vice-porta-voz do Governo, durante uma conferência de imprensa.
“Ele é livre de expressar a sua opinião”, mas isso equivale, sublinhou, a “uma recomendação eleitoral para um partido que é monitorizado” pela Inteligência Interna Alemã, “porque é suspeito de ser de extrema-direita”.
Na Alemanha, a qualificação de “extrema-direita” para um movimento político pode justificar a vigilância policial, devido ao receio de que possa minar a ordem constitucional.
No sábado, o jornal Welt publicou um artigo em que Musk defende que a Alternativa para a Alemanha (AfD) é “o último vislumbre de esperança” para a Alemanha.
O homem mais rico do mundo reafirmou uma posição já expressa a 20 de dezembro numa mensagem na sua rede social X que criou mal-estar no país em plena campanha eleitoral.
A AfD é creditada com uma média de 19% das intenções de voto nas sondagens, ficando em segundo lugar atrás da oposição conservadora, na liderança com 32%.
O embaraço na Alemanha é proporcional à crescente influência que o multibilionário parece ter no futuro mandato do Presidente eleito norte-americano, Donald Trump, na qual assumirá a chefia do Departamento de Eficiência Governamental.
A 8 de novembro, Musk já tinha chamado “louco” ao chanceler alemão, Olaf Scholz, após a dissolução da coligação governamental, e a 20 de dezembro, após o ataque com um carro no mercado de Natal de Magdeburgo, chamou-lhe “idiota incompetente” e pediu-lhe que se demitisse.
O presidente do Partido Social Democrata alemão, Lars Klingbeil, comparou o comportamento de Elon Musk ao do Presidente russo, Vladimir Putin, dizendo que “ambos querem que a Alemanha seja enfraquecida e mergulhada no caos”.
Bem posicionado para se tornar o próximo chanceler, o líder do partido conservador alemão CDU, Friedrich Merz, criticou ainda a plataforma pró-AfD de Elon Musk, que apelidou de “intrusiva e pretensiosa”.
“Não me lembro que na história das democracias ocidentais tenha havido um caso comparável de interferência na campanha eleitoral de um país amigo”, disse Merz.
Berlim acusa Elon Musk de apoiar partido de extrema-direita às eleições alemãs
O Governo alemão acusou hoje o empresário norte-americano Elon Musk de tentar influenciar as eleições legislativas alemãs marcadas para o final de fevereiro com o seu apoio a um partido de extrema-direita.