Que as crianças gémeas luso-brasileiras tenham saúde e sejam felizes; têm direito, como todas as outras, a tratamentos caros, sustentados pelo sistema de saúde nacional.
O que me indigna não tem a ver, portanto, com as crianças “beneficiadas”, mas com o processo confuso e sob permanente suspeita.
E, também, com os políticos que controlam o mundo. Todos! Deveriam envergonhar-se de existir um medicamento, cujo preço ronda os 4 milhões de euros. Inadmissível!
Não é de admirar que pais e mães com crianças sob o efeito da mesma doença, ou semelhante, reclamem, por não terem igual oportunidade. Injusto!
Muitos políticos portugueses são pouco confiáveis. Basta ver as suas atitudes nas campanhas eleitorais. A nossa começou quando o Presidente da República anunciou, de forma não consensual, a dissolução do Parlamento
“Salvadores da Pátria”, uns; liberais que ora querem vender o país a retalho ora já não querem; direitistas do “Deus, Pátria, Família” encostando-se ao chamado “centro democrático”; os muito “sociais”, mas, na sombra, a fazerem negócios que contrariam por completo esses Princípios; comunistas, virando “sociais-democratas”. Um “show”! Uma “paródia”! Que vai, seguramente, dar maus resultados ( para os cidadãos), depois das eleições.
Como podemos confiar em pessoas e instituições que, pela calada, atribuem nacionalidade, marcam consulta, obrigam os clínicos a executar atos médicos contra a sua vontade. Depois, desaparecem os papéis, as cartas, as mensagens. Resta a confusão.
E o senhor Presidente da República, tão pressuroso a falar de assuntos que nem são da sua responsabilidade, palavroso até à medula e de uma memória invejável (dito por ele!), sendo o principal visado neste vergonhoso processo, fique remetido ao silêncio. Um silêncio perturbador.
Pior, muito pior, o senhor Presidente da República não se recorda….
Enquanto não for acusado seja do que for, acredito na sua inocência, note-se. Mas não acredito que não se recorde… Isso não acredito, senhor Presidente da República.
O que devia ter dito, quando questionado, “o meu filho, a minha ex-nora ou fosse quem fosse, jamais me falaram de tal situação”. E colocava um ponto final no assunto. Depois, a justiça faria o seu trabalho. Sem suspeitas na Opinião Pública.
Dizer “não me recordo” é um direito que lhe assiste. Mas não o dignifica institucionalmente e pessoalmente. E deixa a dúvida a pairar…
Mas quem exerce o cargo de Presidente da República tem de recordar-se se lhe falaram ou não de um tratamento de 4 milhões que sai do erário público. Como não?
Se os políticos já estavam tão desacreditados, esta é mais uma acha para a fogueira do descrédito.
E das desigualdades indesculpáveis mum Estado de Direiro Democrático.
Não há democracia que resista a tantos males que, todos os dias, lhe vão infligindo.
Jornalista