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Segunda-feira, Julho 14, 2025
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Pneumologistas portugueses realçam decisão do Reino Unido de proibir venda de cigarros eletrónicos

Pneumologistas e médicos de saúde pública aplaudiram hoje a decisão do Reino Unido de proibir, em 2025, a venda de vaporizadores descartáveis, considerando que “é uma clara aposta” de grande ambição para combater o tabagismo e proteger os mais jovens.

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Esta medida faz parte de um pacote legislativo anunciado pelo Governo britânico, no âmbito da Lei do Tabaco e dos Vaporizadores que inclui, entre outras medidas, a criação de multas para os retalhistas que violem a lei e a expansão das proibições de fumar em ambientes fechados e espaços exteriores.

Na véspera do Dia Nacional do Não Fumador, especialistas enalteceram este pacote de medidas em termos de saúde pública, na prevenção de doenças e na redução de custos em saúde.

É uma clara aposta da maior ambição nas políticas públicas preventivas em tabagismo, em vez de correr atrás do prejuízo avassalador de uma indústria que não olha a meios para viciar crianças e adolescentes, em substituição dos adultos que morrem precocemente em consequência do tabaco”, disse a coordenadora da Comissão de Trabalho de Tabagismo da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), Sofia Ravara.

A pneumologista disse aguardar com “bastante expectativa” a monitorização do impacto desta medida, acreditando que possa ser a diminuição de doença cardiovascular, de cancros, e de doença respiratória crónica, as três grandes doenças que lideram a mortalidade na Europa, além da redução dos custos em saúde, da melhoria da produtividade e da economia, e da sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde.

Para Sofia Ravara, “a abolição do consumo nas gerações mais jovens poderá mudar o paradigma das doenças crónicas, apostando na sua prevenção em vez de apenas diagnosticar e tratar atempadamente”.

Ao propor estas “medidas robustas”, o Governo britânico também “dá ao mundo um forte indício de que a política anterior de promover os ‘vapes’ como estratégia de redução dos danos do tabaco, falha no seu objetivo de saúde pública”.

A especialista defendeu que “as políticas públicas preventivas têm que ser ambiciosas, adaptando-se à dinâmica da indústria”: “Se o alvo da indústria são as crianças e os jovens, então as políticas de saúde têm que proteger estas populações mais vulneráveis”.

No seu entender, em Portugal ainda “há um grande caminho a fazer para travar a interferência da indústria do tabaco na tomada de decisão das políticas de prevenção de tabagismo”, considerando que “esta é a verdadeira barreira, o verdadeiro inimigo”.

Também o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, aplaudiu o Governo britânico “por ter proposto medidas legislativas corajosas, inovadoras e abrangentes” para combater “o flagelo do consumo de produtos de tabaco, nas suas mais variadas formas, e de proteger os mais jovens”.

É nossa convicção que, apesar de algumas medidas poderem ser mais polémicas, Portugal deve também trilhar um caminho similar, como, aliás, já era intenção de anteriores governantes da Saúde como a doutora Margarida Tavares, cuja proposta de lei do tabaco continha algumas das medidas implementadas pelo Reino Unido”, salientou.

Tanto a SPP como ANMSP manifestaram disponibilidade para trabalhar com os decisores políticos na prevenção do tabagismo e na criação de condições para que existam “gerações livres de tabaco” em Portugal.

Hilson Cunha Filho, da Confederação Portuguesa de Prevenção do Tabagismo, disse, por seu turno, que, “mais uma vez”, o Reino Unido está a agir “na vanguarda a favor dos seus cidadãos e do futuro da sua população, revertendo uma ameaça ao seu desenvolvimento saudável e sustentável”.

Para o especialista, não existem nesta missão “atalhos, medidas simples ou meias medidas”, defendendo que, “se existe um pacote de medidas que, em conjunto, atinge de melhor forma o objetivo definido à partida, deve ser adotado e implementado energicamente”.

As polémicas ou críticas que possamos ver neste caso terão sempre na sua base nas crenças distorcidas implantadas na nossa sociedade há décadas pela grande indústria do tabaco e seu marketing agressivo que tenta moldar a nossa cultura e comportamento social, não em evidências científicas claras aceites pela comunidade científica e organizações de saúde internacionais que reafirmam o seu apoio às políticas públicas com as apresentadas pelo Reino Unido”, vincou Hilson Cunha Filho.

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