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Sábado, Abril 19, 2025

Nuno Cardoso e os desafios de uma candidatura independente à Câmara do Porto

Foi no Clube dos Pensadores, reunido no Hotel Holiday Inn Porto-Gaia, que Nuno Cardoso, ex-presidente da Câmara do Porto, apresentou a sua candidatura independente, abordando os desafios do Poder Local, a relação entre partidos e independentes e a necessidade de mudanças em mobilidade, habitação e governação regional.

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O Clube dos Pensadores, fundado por Joaquim Jorge, recebeu, na passada sexta-feira, um debate marcado pelo interesse crescente nas eleições autárquicas de 2025. O evento, que já estava planeado antes do anúncio da candidatura de Nuno Cardoso, acabou por coincidir com a sua entrada na corrida pela Câmara Municipal do Porto, proporcionando um momento de confronto de ideias sobre os desafios do Poder Local.

O desafio da candidatura independente

Joaquim Jorge, anfitrião do debate, sabendo do que fala, sublinhou as dificuldades que os candidatos independentes enfrentam face às estruturas partidárias, criticando a desigualdade na forma como estas candidaturas são tratadas pelo sistema eleitoral: “Os independentes podem concorrer a uma autarquia, mas tudo lhes é dificultado. Não se pode querer ganhar na secretaria um jogo que deveria ser igual para ambas as partes. As regras estão viciadas à partida”, vaticinou.

Clube dos Pensadores. Nuno Cardoso
O candidato exibe uma confiança inabalável no seu regresso ao serviço público. Foto de FILIPE ARRAIS.

Nuno Cardoso, que ocupou a presidência da Câmara do Porto entre 1999 e 2002, destacou o seu percurso, recordando os projetos estruturantes que implementou e defendendo a sua candidatura como um regresso ao serviço público, mas sem amarras partidárias. “O Porto que deixei era uma cidade em crescimento, com forte dinamismo cultural e infraestruturas robustas. Hoje, precisa de uma nova abordagem, especialmente na mobilidade, habitação e qualidade de vida”, afirmou.

A sua candidatura independente surge num momento em que o Partido Socialista optou por apoiar Manuel Pizarro, forçando Nuno Cardoso a uma campanha sem apoio formal de um partido. A sua experiência política, contudo, é um dos trunfos que espera usar para captar o eleitorado que deseja uma alternativa fora das lógicas partidárias tradicionais.

Mobilidade e reestruturação urbana

Um dos temas centrais do debate foi a mobilidade urbana. Cardoso criticou a dependência do automóvel e apontou soluções para transformar a cidade num espaço mais acessível e sustentável: “Construímos a cidade do automóvel, mas agora temos de construir a cidade das pessoas. O transporte público tem de ser a espinha dorsal da mobilidade urbana. Temos de garantir uma rede de autocarros eficiente e compatível com o metro, para que as pessoas tenham reais alternativas ao carro”, disse realçando toda a experiência que possui sobre o assunto.

Entre as suas propostas está a redução do tempo de espera nos transportes públicos, a ampliação da rede de ciclovias e a transformação de zonas urbanas através da integração do espaço verde na cidade.

Habitação: um modelo colaborativo

Outro ponto abordado foi a crise habitacional. O Candidato apresentou uma proposta baseada na habitação colaborativa, que visa criar condições para que seniores e jovens casais possam coabitar em comunidades intergeracionais, promovendo apoio mútuo e aproveitamento eficiente do espaço urbano: “Temos idosos a viver sozinhos em casas grandes e casais jovens sem acesso a habitação acessível. A solução passa por criação de habitação colaborativa, onde haja interação e apoio intergeracional.”

Além disso, propõe um programa de apoio ao arrendamento, com incentivos fiscais para proprietários que disponibilizem imóveis a preços acessíveis.

Regionalização e descentralização do poder

Em resposta às questões colocadas pelo público, Nuno Cardoso abordou ainda a questão da regionalização, reforçando a necessidade de descentralizar o poder para garantir um desenvolvimento equilibrado entre o norte e o sul do país: “Lisboa nunca nos oferecerá a regionalização. Temos de conquistá-la. É essencial garantir que a região Norte tenha autonomia para decidir o seu caminho, sem depender da agenda centralista da capital”, retorquiu com a autoridade de quem já sofreu na própria pele, as consequências do centralismo.

O candidato defendeu uma região forte e coesa, com os autarcas do Porto, Gaia, Matosinhos e concelhos vizinhos a trabalharem em conjunto para criar uma estratégia unificada de desenvolvimento.

O debate encerrou com uma mensagem clara de Nuno Cardoso: a sua candidatura representa uma alternativa independente, centrada na modernização da cidade e na resolução de problemas estruturais: “O Porto precisa de um projeto independente, centrado nas necessidades da cidade e dos seus habitantes. Não se trata de uma disputa entre partidos, mas sim de um compromisso com o futuro do Porto.”

O evento deixou claro que as eleições autárquicas de 2025 vão contar com uma competição intensa, onde os independentes querem ter um papel relevante, apesar dos desafios estruturais que enfrentam.

OC/RPC

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