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Sábado, Dezembro 14, 2024

“Manuais escolares ensinam hoje Guerra Colonial de forma mais isenta”

Os manuais escolares ensinam atualmente de forma mais isenta a Guerra Colonial, mas falta "a versão dos povos colonizados e dos movimentos de libertação", declarou o professor jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa, Miguel Monteiro.

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Nos manuais que conheço, tem havido rigor, apesar de ainda haver pouca visibilidade face às vozes dos povos de África, cujo tema tem sido muito abordado pela História Militar“, declarou  o ainda diretor do Mestrado em Ensino da História do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa, em parceria com a Faculdade de Letras de Lisboa (FLUL).

Segundo Miguel Monteiro, este tema tem sido mais aprofundado no ensino superior, nomeadamente no âmbito dos estudos sobre o Estado Novo, ou em colóquios. Todavia, nas escolas, têm surgido iniciativas para se falar mais sobre a Guerra Colonial, nomeadamente através de testemunhos que contactam diretamente com os estudantes e lhes dão uma perceção, em primeira mão, dos tempos da guerra.

Este foi um longo caminho que se percorreu ao longo destes 50 anos de liberdade, pois, antes, o tema “nem sequer era ensinado nas escolas, era quase tabu”, declarou.

Muitos manuais escolares eram tendenciosos, politizados, com erros graves. A história contemporânea em si era pouco ensinada e tratada de forma tendenciosa”, declarou.

No entanto, 50 anos depois do 25 de abril, já há “serenidade para falar dos acontecimentos passados com olhos compassivos e com menos emoção “.

Já não temos tanta intolerância“, declarou.

Os manuais escolares acompanharam esta evolução, explicou, e melhoraram muito o rigor científico “quando foi criado um sistema de certificação pedido pelas editoras às universidades, para melhorar os conteúdos históricos”, apesar de “ainda existirem erros científicos”.

Para o professor da FLUL, um dos principais desafios no ensino da História Colonial portuguesa é “fazer uma história isenta dos dois lados”. Para isso, “a cooperação entre Portugal e as ex-colónias tem de ser transparente, sem complexos“.

Referiu ainda que existem arquivos, como o do Exército, com “quilómetros de informação mal estudada”, ou dos países que foram colonizados, e, defendeu, analisá-los seria interessante para o ensino do tema, até porque “nos manuais atuais existe pouco a versão dos povos colonizados e dos movimentos de libertação”.

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