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Sábado, Abril 19, 2025

Humanizar para um ensino inclusivo e transformador – Por Clara Boavista

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A convivência com pessoas de diferentes culturas e realidades de vida distintas possibilita que o indivíduo amplie a sua compreensão sobre o outro, desconstruindo estereótipos e desenvolvendo a empatia, estimule o pensamento crítico e se prepare para um mundo globalizado.

A diversidade entre os estudantes, nomeadamente no que concerne a culturas, religiões, origens socioeconómicas, géneros, capacidades e deficiências, permite múltiplas trocas de experiências, influenciando a visão de cada um sobre o mundo e fortalecendo a convivência social. Todavia, a diversidade não apenas influencia, mas também expande e transforma a educação num processo mais rico e significativo.

Neste contexto plural e de complexas diferenças, cada qual é livre de se permitir autorreconhecer e autovalorizar. Assim, cada aluno deverá fazer parte de um processo em que compreende e aceita a sua própria identidade e condição, devendo se sentir respeitado e valorizado pelos outros, independentemente das suas diferenças. Só assim os jovens sentir-se-ão mais confiantes e fortalecidos quanto à perceção que têm de si próprios.

Sabendo que a inclusão não é tão-somente uma questão de representatividade, a diversidade – quando é bem trabalhada – enriquece o aluno e prepara-o para viver numa sociedade que garanta a equidade, respeito e oportunidades reais para todos.

Ora, a diversidade em sala de aula é um dos pilares da educação inclusiva e democrática. A verdadeira Inclusão desabrocha quando cada pessoa sente que pertence e pode dar o seu pleno contributo à sociedade, sem precisar de se moldar a padrões previamente definidos.

No entanto, o processo de adaptação de um aluno na escola nem sempre é de fácil transposição. Além das dificuldades sentidas pelo próprio, face à sua condição, muitas vezes também acontece que os professores não estão preparados para lidar com este desafio. As razões poderão ser múltiplas, mas tendem, essencialmente, para questões relacionadas com competências pessoais e falta de formação profissional dos educadores. Não poucas vezes, os alunos são ditados à sorte de quem os possa “agarrar” e lhes dê caminho para que possam percorrer.

Recordando Paulo Freire, a equidade encontra abrigo no respeito pela individualidade de cada pessoa, rejeitando todos os comportamentos que tentem homogeneizar a escola e
tratar os alunos de igual maneira, por se pensar, erradamente, que estão a proceder de um modo justo. Daí que a equidade pressupõe estabelecer relações de construção individual, pelo que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou a sua construção” e “se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

É, pois, longo o caminho a percorrer para superar as dificuldades existentes nesta matéria, pelo que se impõe, urgentemente, banir todos os preconceitos, os julgamentos prévios e os estereótipos, e agir contra a falta de conhecimento e pela promoção da tolerância.

É fundamental combater a exclusão, manifestada das mais variadas formas, desde as mais subtis até às mais evidentes, e garantir que todos possam ter acesso ao conhecimento, independentemente da sua origem, raça, sexo ou deficiência. Se assim procedermos, estaremos a valorizar a diversidade e a transformar a sala de aula em um espaço de respeito e inclusão.

Os jovens sentirão assim as suas vozes ouvidas e respeitadas, bem como as suas experiências e identidades valorizadas, não se sentindo asfixiados na sua pequena bolha apertada. Tornar-se-ão, desta maneira, mais aptos e conscientes sobre as desigualdades socias e culturais do mundo contemporâneo.

Somos humanos e, inúmeras vezes, erramos, mas não é aqui que reside o maior problema. O dilema mora na parca humildade em aceitarmos que ainda temos muito que aprender quanto a tornar a aprendizagem mais significativa e a formar cidadãos mais críticos, empáticos e conscientes. Urge sermos um bom exemplo e humanizar a Escola, de modo a preparar os nossos alunos para se tornarem pessoas mais solidárias e conscientes do mundo em seu redor.

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