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Segunda-feira, Março 24, 2025

Guerra : Um jogo macabro – Por Amadeu Ricardo

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Amadeu Ricardo
Amadeu Ricardo
Engenheiro/Colaborador

A guerra na Ucrânia não é um confronto entre o bem e o mal, entre democracia e a tirania, como muitas narrativas simplistas tentam opinar. No fundo, trata-se de uma brutal disputa pelo poder, território e influência, onde os interesses estratégicos das grandes potências se sobrepõem à vida humana e à verdade. O Ocidente apresenta-se como o grande defensor da liberdade, mas, na prática, procura desestabilizar a Rússia e reafirmar a sua hegemonia global. A Rússia, por sua vez, alega estar a resistir à expansão da NATO, mas usa esse argumento para justificar a sua própria procura por influência e controlo.

Enquanto os líderes fazem discursos inflamados e analistas debatem as teorias estratégicas, a realidade no campo de batalha é outra: cidades são destruídas, famílias são desfeitas, e a guerra consome vidas com uma frieza impiedosa. Civis inocentes tornam-se vítimas de bombardeios, deslocamentos forçados e a miséria impera. Soldados, independentemente da bandeira que carregam, são reduzidos a peças descartáveis no tabuleiro geopolítico. O sofrimento humano transforma-se em estatística, e a compaixão torna-se um recurso manipulável nas mãos daqueles que decidem o rumo do conflito.
A propaganda domina ambos os lados, sufocando qualquer possibilidade de um debate honesto. As notícias são moldadas, organizadas para atender a interesses políticos, distorcendo os factos e manipulando percepções. O que se vê não é a verdade, mas versões fabricadas dela, adaptadas para alimentar ressentimentos, justificar ações e fortalecer as narrativas da guerra.

Nos bastidores do conflito, os verdadeiros jogadores movem-se para garantir os lugares nas câmaras do poder. Políticos, generais, empresários e lobistas negociam acordos, formam alianças e traçam estratégias para maximizar os seus ganhos com a guerra. Para eles, a destruição e o caos são apenas oportunidades disfarçadas. A guerra não é travada apenas na linha da frente, mas nas salas de reuniões, onde decisões são tomadas à porta fechada e que selam o destino de nações inteiras.

E assim, enquanto as bombas caem e nas trincheiras se acumulam os corpos, o jogo continua. Um jogo onde poucos ganham muito e muitos perdem tudo.

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