Leram bem o título?
“Que ridículo!” Não é? Porque é que haveriam de abdicar da fantástica série que estarão neste momento a ver na Netflix ou na Amazon Prime, para ler ou assistir a uma obra de Mangá/Anime com mais de 1100 capítulos?
A verdade é que gostos não se discutem, mas gostaria que no fim da leitura deste artigo, tirassem as teimas por vocês mesmos, isto porque apesar de eu ter apenas 24 anos, considero-me alguém com um paladar refinado para peças de entretenimento ficcional.
No primeiro capítulo deparamo-nos com a execução em praça pública do “Rei dos Piratas”, Gold Roger. Neste evento alguém do público lhe pergunta o que é que ele fez ao mais procurado tesouro de todos os tempos, o “One Piece”. Ao que este responde com um sorriso rasgado que quem o quisesse, teria que se fazer ao mar, e que este mesmo tesouro contém “tudo o que este mundo tem para oferecer”. Abriu-se desta forma, “A Grande Era dos Piratas”. Este acontecimento abre portas para que, passado 20 anos, um jovem chamado Luffy iniciasse a sua jornada como pirata pelos mares à procura do tesouro ambicionado pelos mais ambiciosos e ousados piratas espalhados pelo mundo.
Eu percebo, “Porque é que a história de um pirata havia de ser assim tão boa?” A Resposta para isso está em vários parâmetros.
O enredo, é perfeitamente visível que o autor, Eichiro Oda, quando começou esta obra há 27 anos atrás, já sabia qual será o final, daí o facto de conseguir desconstruir esta narrativa com um World Building gigante e extremamente pormenorizado e desenvolvido como nunca antes visto no mundo da ficção. O Foreshadowing, TUDO É IMPORTANTE, algo que no capítulo 30 parece confuso e vago, no capítulo 800 volta a fazer sentido e a ser impactante para a história. A profundidade e o desenvolvimento das personagens. Nas narrativas convencionais estamos habituados a sentirmo-nos relacionados e conectados com um protagonista, um deuteragonista e poucas mais personagens. Pois em One Piece posso dizer que já perdi a conta e teria que fazer uma lista de todas as personagens por quem ganhei afinidade e toda uma miscelânea de sentimentos. A periodicidade. Eu sei que 1100 capítulos (e ainda a contar) parece ser mesmo muito, porque é, mas esta é provavelmente a maior razão desta obra se ter tornado tão especial. O facto de um autor e artista como Eichiro Oda conseguir manter uma obra relevante, interessante e impactante durante 27 anos com uma periodicidade praticamente semanal, demonstra o seu amor e devoção de uma forma que para mim foi nunca antes vista.
Em suma, One Piece é uma obra singular que desafia as expectativas iniciais de qualquer um que esteja hesitante em começar uma obra tão longa. A riqueza do seu enredo, a complexidade das suas personagens e a habilidade do autor em criar ligações subtis e coerentes ao longo de milhares de capítulos são testemunhos da genialidade e criatividade de Eichiro Oda.
Para aqueles que ainda têm dúvidas, deixo um desafio: experimentem mergulhar neste universo e descubram por vocês mesmos o porquê de One Piece se ter tornado uma das maiores e mais adoradas obras de ficção da história. Afinal, não há melhor altura para começar do que agora.
Comentador Desportivo/Técnico de Marketing