Joaquim Jorge explicou a O Cidadão, o percurso polítito do seu convidado e o interesse em ouvi-lo, num momento em que a política nacional está em permanente ebulição.
“Ascenso Simões foi membro do Secretariado Nacional do PS, deputado do PS e secretário de Estado da Administração Interna, da Protecção Civil e das Florestas. Retirou-se do Parlamento em Março de 2022 e regressou à sua actividade profissional que exerce entre Madrid e Lisboa, continuando com o seu comentário político.
A política nacional tem tido enormes desenvolvimentos, tendo em conta que temos um governo minoritário do PSD/CDS e o PS está à espreita para poder, um dia, voltar ao poder. O OE 2025 foi aprovado com ajuda do PS, que se absteve.
O PS foi o responsável pelo aumento extraordinário permanente de 1,25% nas pensões até 1500 euros e na mudança do IRS jovem.
Nos próximos tempos vamos ver o impacto das medidas aprovadas no Parlamento, o efeito Trump e o risco de uma crise da dívida. Para já, o excedente orçamental pode ser de 0,6% do PIB, um ponto de partida mais favorável ( acima dos 0,4% previstos) e uma redução maior das taxas de juros.
Ascenso Simões é um político não político, há muito tempo que procurava recebê-lo no Clube dos Pensadores, pela sua postura na vida política e por não depender dela, pois saiu pelo seu próprio pé.
Ascenso Simões é dos poucos políticos que devolveu o subsídio de reintegração na vida civil ( 27 439 euros, em Outubro de 2009), apesar de lhe ser atribuído quando exercia funções no Governo, na altura como secretário de Estado da Administração Interna. Outro político, Ramalho Eanes recusou pagamento de retroactivos a que tinha direito, quando foi Presidente da República.
A política deve fazer-se pelo exemplo, por vezes, o poder do nosso exemplo suplanta retóricas desmedidas e tanto palavreado oco.
Ascenso Simões pensa pela sua cabeça e toma posições muitas vezes contrárias à corrente dominante do seu partido, já teve um processo por ter violado a disciplina de voto num artigo do Orçamento de Estado ou no caso das taxas renováveis.
Recentemente, criticou António Costa pela sua posição em relação a Ricardo Leão, presidente da FAUL do PS e presidente da CM Loures, considerando um ataque à liderança de Pedro Nuno Santos e concluiu que António Costa, passado meio ano de ter saído da liderança do PS, já está a marcar e a atacar a nova liderança do PS.
Tudo isto porque Ricardo Leão defendeu o despejo sem dó nem piedade de inquilinos de habitação municipal que participassem em distúrbios, como os que ocorreram na Área Metropolitana de Lisboa.
Foi o rastilho para o choque inusitado entre Pedro Nuno Santos (actual líder do PS) e António Costa ( ex-líder do PS).”
Pelo Clube dos Pensadores já passaram Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Luís Montenegro, Nuno Melo, Cotrim de Figueiredo, André Ventura, Mariana Mortágua, Jerónimo de Sousa, entre muitos outros.
