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Sexta-feira, Fevereiro 7, 2025

Aguentemo-nos à bronca com a “Trumpalhada” – Por José Peixe*

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Estavam à espera do quê no discurso da tomada de posse de Donald Trump? Paninhos quentes ? Mais apoios para a NATO? Lutar por um planeta mais limpo e pelas energias alternativas? Reconhecimento dos homossexuais? Aceitação dos imigrantes ilegais e a entrada de mais hispânicos nos Estados Unidos?

Trump não enganou ninguém. Limitou-se a dizer que vai levar por diante todas as promessas que fez na campanha. Tão simples como isso. E para perceber que o 47.º Presidente dos Estados Unidos se está a “borrifar” para a União Europeia, apenas a primeira-ministra Giorgia Meloni foi convidada. E todos perceberam o motivo.
Ou seja, os principais representantes da União Europeia ficaram em Bruxelas. Assistiram ao festim dos republicanos multimilionários e à tomada de posse de Donald Trump pela televisão. E que se ponham “à tabela”, porque o que aí vem parece não ser nada bom para a economia europeia.

Com Trump, acabaram-se as benesses e as visitas de turismo à Casa Branca. Acabaram-se os banquetes em Washington. E as políticas do faz de conta. As políticas comerciais e as taxas aduaneiras que a administração Trump pretende implementar vão provocar fissuras nas economias europeias. E não só. A partir de agora, vai ser o “trumpismo” a comandar um mundo que ficará ainda mais desregulado.

Como cantou Chico Buarque “foi bonito a festa pá!“. Especialmente, como o Presidente dos Estados Unidos fez questão de recordar o activista norte-americano, Martin Luther King, que lutou contra a discriminação racial até ao dia em que deixou de respirar. Trump agradeceu aos afro-americanos e aos latino-americanos legais no país o facto de o terem apoiado durante a campanha eleitoral. Para logo de seguida afirmar que o muro na fronteira com o México é para ser construído. Aliás, a partir de agora, acabaram-se as entradas de ilegais e clandestinos na fronteira do México.

Ficou claro que as autoridades competentes vão receber ordens precisas para “caçar” os imigrantes ilegais nos Estados Unidos e devolvê-los aos seus países de origem. Vais ser bonito vai…

Sobre o “Acordo de Paris”, Trump esclareceu que os Estados Unidos vão sair. Ou seja, o tratado internacional que vincula juridicamente os seus signatários a agirem para combater as alterações climáticas não conta mais com os Estados Unidos. É bom recordar  esse acordo, que foi assinado em 2015, e pela primeira vez na história, os governos decidiram, conjuntamente, unir esforços para limitar o aquecimento global e fazer face aos seus impactos. O que nunca interessou aos republicanos e a Trump.

Quanto ao “Canal do Panamá”, os Estados Unidos vão querer mesmo que as regras mudem. Trump explicou porquê e sem papas na língua: “Oferecemos o Canal ao Panamá e não à China. E todos nós sabemos que são os chineses que estão a desfrutar economicamente das taxas de utilização desse canal que foi construído pelos americanos. E isso vai acabar. O Canal do Panamá não pode continuar na posse da China”.

Em relação à Guerra na Ucrânia, posso dizer-vos que o dia de ontem foi extremamente calmo. Pelo menos, na região onde me encontro. Tudo tranquilo. Não se ouviram sirenes. O sol brilhou e aqueceu os corpos daqueles que estão saturados de viver em abrigos e às escuras. E foi bonito ver os parques cheios de idosos a passear. A aproveitar o sol e a conversar uns com os outros.

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No dia da tomada de posse de Trump o sol brilhou na Ucrânia e os idosos, crianças e animais desfrutaram do dia
Foto de JOSÉ PEIXE



No domingo, Donald Trump deve ter ligado a Putin a pedir-lhe para ele não disparar mísseis sobre a Ucrânia nem fazer ataques com centenas de drones como tem feito até aqui. O objectivo era não desviar as atenções mediáticas de Washington. Mas sobre a “poção mágica” que Trump tem para acabar com a Guerra na Ucrânia nem uma palavra.

E tudo leva a crer que, a partir de agora, Washington deixará de enviar biliões para Kiev. O que de certa forma está a incomodar o Presidente Zelenski. Quanto à NATO, os Estados Unidos também vão afrouxar as suas contribuições. Isso vai fazer com que os países bálticos e europeus aumentem os seus orçamentos para investir na defesa da União Europeia. A Polónia já tomou essa iniciativa.

Está na altura de os soldados americanos regressarem a casa. Vamos deixar de participar em guerras no estrangeiro. A não ser se for para implementar a Paz“, afirmou Donald Trump.

Nas trincheiras em Donetsk e em Kursk a luta pela conquista de mais território a violência prosseguiu. Ali o lema é “olho por olho e dente por dente”. Os jovens militares morrem impiedosamente às centenas todos os dias. De ambos os lados. E segundo os militares ucranianos, os mercenários norte coreanos quando são feridos e se rendem, acabam por confessar que nem sabem onde é que estão a combater. Uma barbaridade nunca vista.

Só nos resta conformar-nos com a “Trumpalhada” que chegou à Casa Branca. Garanto-vos que o Mundo nunca mais vai ser o mesmo.

* Jornalista de “O Cidadão” Enviado Especial à Ucrânia

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