A AD venceu, mas foi uma vitória fraca. O PS perdeu, mas foi uma derrota fraca.
Incrível, como quando há algo diferente e alguma esperança, os portugueses dizem sim e vão votar.
O Chega passou de epifenómeno a fenómeno e é hoje uma realidade que não se pode escamotear.
Os comentadores e a imprensa em geral sempre tentaram denegrir a essência da questão: as pessoas estão cansadas da forma como o PS e o PSD fazem política.
Querem algo diferente e experimentar algo que vá ao encontro das suas necessidades.
Se não perceberem isto não percebem nada. A política mudou e quem não evoluir e estiver alento será engolido por este processo.
Muitos portugueses são democratas, mas não se reveem neste pingue-pongue, ora está o PS, ora está o PSD. Os portugueses acham que a democracia não está a funcionar e não consegue resolver os problemas das pessoas.
Um governo da AD ou um governo da AD com IL terá uma maioria relativa muito escassa. O Chega é o partido que tem a solução de um governo à direita.
Luís Montenegro como primeiro-ministro terá sempre uma espada de Dâmocles em cima da sua cabeça, isto é, a insegurança de ser derrubado por uma moção de censura.
A AD ganhou, mas há vitórias e vitórias, assim como há derrotas e derrotas. Os portugueses disseram em relação ao PS “enough is enough” ( já chega). Mas não disseram efusivamente ao PSD, “ I want you very much”. ( eu quero-te muito).
Tem a palavra Marcelo Rebelo de Sousa que é o menos culpado de tudo o que levou à queda do PS de António Costa. Durante muito tempo foi o abono de família desse governo, fazendo o possível e impossível para haver estabilidade.
Estas eleições, com estes resultados, vão levar num futuro próxima a novas eleições.
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores