Toda a gente fala de propósito. Poucos o vivem. Propósito não é uma palavra bonita numa apresentação, nem um vídeo emocionante no lançamento de uma marca. Propósito é aquilo que aguenta quando o vento muda.
O que não é propósito? Não é slogan. Não é missão colada na parede. Não é moda. É fácil dizer “o nosso propósito são as pessoas”. Difícil é provar isso quando a decisão custa: tempo, dinheiro ou reputação.
O que é propósito? É a bússola que decide por nós quando a cabeça falha. É o critério que diz “sim” e “não”. É onde colocamos tempo, orçamento e atenção — e não apenas palavras.
Como se reconhece? Não está no que prometemos, está no que repetimos. Não está no post, está no processo. Não está no dia bom, está na crise. Eu próprio só encontrei o meu quando conheci a Nancy e o Mark, da Think8.
Foi quando percebi que propósito não é “querer muito”. É alinhar o que sou com o que faço, e ter a coragem de retirar o que não serve, mesmo que brilhe. Passei a fazer menos coisas, melhor. A dizer mais “não”. A escolher poucas causas, mas para valer. Sinais de falso propósito: – muda com a campanha; – promete tudo a todos; – não tem métricas; – foge quando há conflito. Sinais de propósito autêntico: – é específico (quem, como, para quê); – tem sacrifício (há coisas que não fazemos); – traduz-se em rotinas (agenda, equipa, orçamento); – resiste à pressão. No fim, propósito não é sobre nós. É sobre a transformação que deixamos nos outros. Se amanhã tudo desaparecesse, o que continuava em pé? Aí está o teu propósito.
Propósito não se proclama. Prova-se.

Empreendedor no setor da saúde visual, fundador da Eyephoria, Co-Fundador iCare Group, e do projeto Visionnaire Eyewear Concierge. Defensor da ótica independente com propósito, da distribuição justa e do cuidado visual centrado nas pessoas