
Há jogos assim…
Geram expectativas muito altas, antevê-se um “jogaço”.E nada! Um FC Porto a praticar o melhor futebol dos últimos anos, um Benfica “rejuvenescido” por José Mourinho… Afinal, um jogo “chato”, muito, mesmo muito tático.
Até à primeira meia hora, a bola não chegou às balizas, tal foi forma como os treinadores decidiram “amarrar” o jogo. Jogava-se quase sempre no meio-campo, com o FC Porto a ter mais posse de bola e o Benfica a controlar o jogo com bastante acerto.
Na primeira parte, só aos 34 minutos os portistas criram uma situação clara de golo – Samu fugiu pela direita, cruzou, a defesa benfiquista aliviou para a cabeça da área, onde apareceu Froholdt a “disparar”, passando a bola rente à barra da baliza defendida por Trubin.

O jogo melhorou um pouco na segunda parte. Houve, pelo menos, oportunidades de golo. Mas a verdade é que nem o FC Porto arriscava, nem o Benfica subia muito no terreno.
Vendo e lendo, friamente, o futebol, percebe-se a razão deste jogo em que as equipas estiveram quase sempre encaixadas. E no final, na conferência de imprensa, José Mourinho deu razão à nossa tese. O Benfica estava (está) a 4 pontos dos Dragões. E embora os seus jogadores quisessem ganhar o jogo, como é óbvio, sabiam também que não o podiam perder, pois ficariam a 7 pontos do líder. Daí as cautelas defensivas e a escassa audácia atacante.
O FC Porto, por seu lado, conhece a qualidade dos jogadores “encarnados” e embora os seus criativos – Gabri e Froholdt – tenha procurado arriscar, também não o fizeram, pois uma bola perdida no meio-campo, podia gerar ataque perigoso do adversário. E seria a “morte do artista”

Com o empate do Sporting, o resultado não foi mau para ambos. O Benfica mantém-se a 7 pontos e o FC Porto comanda, com as mesmas diferenças que tinha no início da jornada.
De salientar que no último minuto do jogo, Rodrigo Mora teve nos pés a melhor oportunidade, mas a bola bateu na barra da baliza do Benfica.

Em suma, um jogo sereno, ideal para os mestres da tática, mas aborrecido para o espetador que gosta de ver as equipas a jogar sempre para ganhar. E a bola a bater no fundo das redes.
Miguel Nogueira, o árbitro, assinou uma exibição irregular. No plano disciplinar, esteve mal na amostragem dos cartões amarelos. Foi demasiado severo a julgar as faltas efetuadas pelos portistas, mas algo complacente com as dos benfiquistas.
Francesco Farioli( treinador do FC Porto) : “Permitir apenas um remate contra uma equipa do nível do Benfica é algo de realçar.”

“Pessoalmente estou muito feliz. O jogo foi tático e ficou bem claro que uma equipa veio aqui para não perder e nós tentámos tudo para ganhar. São jogos em que podes ser punido se te expões demasiado. O nível de maturidade no jogo da equipa foi fantástico. Sei ser crítico, mas hoje jogámos como uma grande equipa. Estou muito feliz.”
“O Mourinho é um grande treinador, que é capaz de convencer jogadores de topo a sacrificarem-se. Acho que fizemos o nosso jogo, tivemos bons momentos no primeiro tempo, outros na segunda parte. E permitir apenas um remate contra uma equipa do nível do Benfica é algo de realçar.”
“Acho que é um bom resultado. Merecíamos algo mais, mas neste tipo de jogos podes perder. Uma bola parada, o futebol é estranho, a bola pode entrar num desvio… Podemos estar felizes, mas tentámos tudo para ganhar. Estou muito satisfeito. Por diferentes razões. Olhando onde estávamos e onde estamos agora, nestes últimos 3 meses fizeram-se muitas coisas neste grupo.”
José Mourinho ( treinador do Benfica): “Não podíamos sair a 7 pontos”

“A nossa situação era complicada. Não podíamos sair a sete pontos e queríamos sair a um, mas disse aos jogadores que não senti no banco condições para arriscar. Eles sentiram em campo que o jogo estava controlado e não podiam perder este jogo. Eles vinham de uma série fantástica de resultados e nós de uma série complicada. Era fundamental não perder e saímos deste fim de semana sem perder pontos para FC Porto e Sporting. Estamos cá e estamos vivos.”
“Uma equipa que percebeu tudo, que por caraterísticas individuais não temos jogadores rápidos e diretos. Os jogadores foram fantásticos do ponto de vista de organização contra uma equipa que não é fácil. Viemos com grande personalidade e tranquilidade. O Trubin não faz uma defesa e o Mora tem um remate ao pau e nada mais, num campo de uma equipa que ganhou tudo e hoje teve dificuldades.”
“O William é um jogador diferente do Pepê, tem jogo interior, remate, faz golos. Apanha o Dahl com 70 minutos e no fim protejo com o Tomás. Ainda por cima, o Tomás é destro e defende melhor a zona interior. o Lukebakio estava morto. Podia ter arriscado qualquer coisa, mas não me senti confortável. Podiam ter transições. Meti o Leandro para compactar e ajudar o Dedic. O único jogador que hoje apareceu doente foi o Ivanovic. Podia ter pensado para o ataque, para o lugar de Pavlidis, mas não quis arriscar. Foi o único que hoje caiu.”
“A equipa vai crescendo. Tivemos esta semana dois jogos de grande grau de dificuldade. Tivemos grande organização nos dois. O Porto tinha pernas e motores para a profundidade mas nós não temos essas caraterísticas O Aursnes, Sudakov são jogadores de aproximação. Fazíamos um golo e ganhávamos.”
Estádio Do Dragão, Porto
5/10/2025
Árbitro: Miguel Nogueira
FC Porto: Diogo Costa, Alberto, Kiwwior, Bednarek e Francisco Moura; Varela (Mora), Froholdt e Grabri Veiga (Rosário); Pepê (William Gomes), Samu (Gul) e Borja Sainz.
SL Benfica: Trubin; Dedic, Antonio Silva, Otamendi e Dahl (Rego); Rios, Barrenechara e Aurnses; Lukebakio (Leandro Barreiro), Sudakov Tiago Araujo) e Pavlidis.
Golos: não houve
Cartões Amarelos: Ríos, Bednarek, Pepê, Varela, Rosário, Francisco Moura
Cartões Vermelhos: 0
Ao Intervalo:0-0
Resultado Final: 0-0
Reportagem OC: Alberto Jorge Santos ( texto) e António Proença ( fotos)
Jornalista






