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Sexta-feira, Setembro 26, 2025

Deixem o Metro em paz – Por Miguel Correia

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Confesso que, por estes dias, a minha playlist (no Spotify) resume-se aos debates políticos, com os pretendentes ao cargo de presidente de câmara. Os canais de informação disponibilizaram alguns e, com recurso ao tal programa, tenho escutado (com muita atenção) o desempenho e declínio da nossa classe política.

Sinceramente, não me preocupa quando um candidato troca a filiação política ou rasga o cartão do partido para se estabelecer a solo – vemos isso acontecer com jogadores de futebol. O que me intriga é que insistem em voltar ao passado e massacrar com histórias de escárnio e maldizer, quando estiveram anos a pactuar com o sistema! Se mudaram de ideias – algo compreensível, como diz no slogan do Ikea – então coloquem uma pedra no assunto e recomecem um novo capítulo.

Um outro fenómeno, digno de estudo pela dupla dos “Ficheiros Secretos”, é quando um candidato mantém a filiação política mas, por imposição legal de limite de mandatos, candidata-se ao município vizinho. Chega a esta altura da campanha eleitoral e desfaz-se em lágrimas e juras de amor eterno. De forma altruísta, promete resgatar as pessoas de uma infelicidade que sempre sentiram, mesmo continuando a representar (neste período) os munícipes que o elegeram nos últimos doze anos…

Reparei que, por entre debates barulhentos e cheios de azedume, os proponentes à zona do Grande Porto insistem em abordar a temática do “Metro do Porto” e prometer mais linhas.

Ora bem, tendo em conta que até percebo um pouco do tema, chego à conclusão que os candidatos não estão rodeados dos assessores certos e, de forma inconsciente, insistem na asneira!

Como estou bem-disposto, deixo algumas dicas pro-bono. De pouco serve prometer um crescimento que, para além de demorado, implica gastar dinheiro que não há. Todos os que vão a votos querem ter carris à porta. Uns pela primeira vez, outros tentam aumentar a rede e centralizar tudo junto às estações. Já temos estádios de futebol, procissões e feiras. Agora, alguém se lembrou de prometer transferir o Terminal de autocarros (que sofreu recentemente obras de requalificação).

Permitir que mais pessoas viajem é, quanto a mim, outro disparate e sinal de perigo. As carruagens têm capacidade máxima e, muitas vezes, atingem esse valor em hora de ponta e no troço comum. Estar a convidar mais pessoas – através da gratuidade dos passes – é contribuir para um péssimo e desagradável serviço. Até porque, lamento dizer, a sociedade é cruel e despreza as pessoas com maior dificuldade de locomoção.

A política, ao contrário do futebol, não evolui. As campanhas eleitorais utilizam a função “copiar e colar” e repetem argumentos. Continuam perdidos, com vários membros da caravana, sem perceber como comprar bilhete na máquina. Fica a minha modesta e sentida frase apelativa, caso algum cabeça de cartaz esteja a ler: “Hei! Políticos! Deixem o Metro em paz”.

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