Eu tenho por Ronaldo um carinho especial, como português só lhe tenho que agradecer todas as alegrias que me deu e por tudo que fez pelo nome de Portugal em todo o Mundo.
Todavia, este Europeu pôs a descoberto a sua incapacidade e impotência para fazer a diferença. Ronaldo, no último Mundial, foi maltratado por Fernando Santos, numa ingratidão sem paralelo. O tê-lo colocado a suplente não mostrou grandes melhorias de Portugal, tirando um jogo que vencemos.
Daí, pelo que percebi, Ronaldo ainda quer ir ao Mundial daqui a 2 anos. Se estiver bem fisicamente e em forma acho possível. Todavia, terá que ser mais um jogador para ajudar e não pensar em ser efectivo incondicional. Ronaldo tem que decidir ou continua na selecção e o seu estatuto baixa ou não aceita isso e abandona a selecção.
Por exemplo, jogar a segunda parte em que os jogadores estão já mais cansados. Roger Milla dos Camarões só jogava meia hora e era impressionante o que fazia.
Essa conversa é preciso que exista “tête-à-tête” entre Martinez e Ronaldo. Ronaldo foi sempre a solução das nossas dificuldades, não pode agora tornar-se o seu problema principal.
Ronaldo faz-me lembrar aqueles jarrões que temos em casa de enorme valor, mas já não gostamos tanto dele, por ter passado de moda ou por termos outras peças mais novas.
Contudo, não sabemos onde o arrumar na sala, isto é, o jarrão é bom demais para ser arrumado na dispensa sem ser visto.
A sensação que tive sobre Ronaldo foi de pena e ao mesmo tempo de ternura. Ronaldo num sistema de jogo em que joga sozinho na área não tem a mínima hipótese, continua fisicamente impecável: magro e seco, mas não tem a explosão e capacidade de contacto físico de outrora.
A sua ambição e carácter de vencedor são fantásticas e um exemplo a seguir. Senti que Ronaldo mostrou alguma impotência, um querer e não poder.
Ronaldo depois de falhar um penálti não se escondeu, não teve medo e na série de grandes penalidades esteve lá e não falhou.
Penso que o debate da selecção está em que moldes Ronaldo pode continuar na selecção? Se quer ir ao Mundial, aceita ser suplente sem criar problemas? O seu estatuto pode exercê-lo em prol da selecção e pensar menos nele?
Reconheço que as coisas não lhe correram nada bem. Se tivesse marcado um golo na fase de grupos, podia tê-lo catapultado para outro patamar, assim não aconteceu e a selecção ficou refém de Ronaldo para o bem e para o mal.

Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores