Em contexto pessoal, profissional, familiar ou outro, nem sempre é fácil dizer não.
Sabemos, pela vida, que, por razões de vária ordem, nem sempre se é assertivo, mesmo aqueles que tentam sê-lo.
Na política, ficou célebre o “Não é não”, do nosso Primeiro-Ministro. Outros políticos da nossa praça proferiram o “irrevogável” e, sempre na arte de dar a volta ao texto, como o nosso povo diz, lá vem um mas, uma vírgula, uma explicação de contexto para contornar a situação.
Na revolução do 25 de Abril de 1974, um praça desobedeceu a um oficial general (Brigadeiro) quando este ordenou “FOGO”, este não acatou a ordem, o que levou à vitória da revolução, facto já documentado em televisão.
Há pessoas que aparentam não saber dizer não. Umas não o fazem em tempo útil. Outras até juntam situações, são de guardar factos, episódios das suas vidas e respondem, em dada altura, por atacado, podendo recuar até décadas atrás. Cada ser humano tem o seu feitio, personalidade, forma de estar na vida.
O Não, é uma palavra minúscula. Como é que uma palavra tão pequena (três letras) é tão poderosa?
Antes de ser proferido o Não, deve equacionar-se as variáveis possíveis das consequências que o Não despoletará.
Em contexto laboral, já se imaginou a dizer Não ao seu Chefe, Diretor, Gerente, Administrador?
Quantos trabalhadores, por conta de outrem, já o fizeram e viram as suas vidas “estragadas”, mesmo ganhando noutras instâncias e serem reclassificados ou readmitidos, os jornais já relataram tantos casos.
O Não tem que se lhe diga. Se precisar e tiver de o dizer, crie defesas para melhor se defender, testemunhas, evidências, para que a situação não possa virar-se contra si. Prepare-se para contratempos, desgaste emocional, certamente o seu superior anotará… poderá complicar.
Conheço quem já tenha virado costas e batido com a porta a Gestores.
Em meio militar, é ainda mais delicado, mas não impossível dizer Não. Os militares tendem a ter uma visão ortorrômbica da política.
Sei de um ex-Capitão das Forças Armadas de um lindo país, que depois de já ter sensibilizado a sua chefia, tentado sair a bem, queria ir para a vida civil, obstaculizarem-lhe por várias vezes a saída, não esteve “com meias medidas” e rasgou o seu contrato de trabalho perante um Tenente-Coronel.
O que dizer de uma criança, de tenra idade, que ao lerem-lhe uma história, entre várias, demonstrou sinais de fadiga à sua tia que é professora, respondeu categoricamente, “Tia, Não é Não”. Uma criança cheia de convicção, assertiva e de personalidade forte.
Em contexto de família biológica, política, empresarial, certamente muitos de nós já vivemos e experienciámos situações que levaram ao Não. Se com pessoas devemos ter diplomacia, com família (grupo), que são pessoas, ainda mais e se o Não, conjuntural, porventura, alguma vez, pronunciado foi por algum membro duma determinada família, alguém nela deve ter a arte e engenho de fazer pontes para que o não conjuntural, que gerou atritos, fricções, maldições e outros “ões” não se torne um Não definitivo, a bem de todos os seus membros.
Seja, eticamente elegante e diplomaticamente responsável.
Quando tiver de dizer Não, faça-o com classe.
Técnico de Formação Profissional