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Segunda-feira, Maio 12, 2025

Portugal Merece Mais – Por Amadeu Ricardo

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Olho para a política portuguesa hoje, e o que vejo é um espetáculo triste, grotesco, onde a incompetência, a hipocrisia e a mediocridade parecem ter tomado conta de tudo. Aquilo que deveria ser um espaço de debate sério e construtivo, vejo-o transformado num circo de insultos baratos, demagogia oca e promessas tão vazias quanto as ideias de quem as profere.

Os candidatos, na sua esmagadora maioria, não passam de pálidas caricaturas daquilo que um político deveria ser. Vendem ilusões com a mesma rapidez com que mudam de opinião. Defendem hoje, o que ontem condenavam, rastejando pelas trincheiras do populismo e da mentira, tudo pela troca de meia dúzia de votos. Projeto? Visão? Coragem? Nada disso. Apenas uma triste parada de egos inchados, de slogans ridículos e de encenações estudadas até à náusea.

Assistir aos debates tornou-se, para mim, um exercício de masoquismo. Esperava confrontos de ideias, esperava clareza, honestidade no discurso. Em vez disso, somos bombardeados com chavões gastos, ataques pessoais de nível rasteiro e uma assustadora incapacidade de apresentar soluções concretas para os problemas reais do país. Falar a sério da educação? Da saúde? Da justiça? Para quê? É muito mais fácil berrar umas banalidades sobre “corrupção”, “imigração “, ou atirar umas palavras ocas como “liberdade” e “democracia”, esvaziadas de qualquer sentido pela boca de quem as pronuncia.

Com uma classe política destas, Portugal nem precisa de inimigos externos. Os maiores sabotadores da nossa esperança já estão bem instalados: no Parlamento, nas câmaras municipais, nos gabinetes ministeriais. E o povo, cansado, mas sem esperança, oscila entre a abstenção cínica e o voto desesperado em quem promete “mudar tudo” apenas para, no fim, perpetuar o mesmo lamaçal.

Se política é a arte de governar para o bem comum, então o que temos é a arte suja de enganar, adiar e fingir. Um teatro de marionetas, onde os fios são puxados pela ganância, pela vaidade e pelo pavor de perder o poleiro. Cada eleição é só mais um episódio desta tragédia anunciada: candidatos a berrar, a acusar, a prometer mundos e fundos — para, depois, no poder, assinarem pactos de conveniência, traírem o que disseram e gerirem a mediocridade como se fosse uma inevitabilidade divina, um destino inevitável.

Portugal merece mais. Merece políticos que saibam o que dizem, que tenham vergonha, que tragam cultura, coragem e visão. Merece debates onde se fale do futuro com seriedade e não com frases feitas de um “bê-á-bá” barato e de má qualidade. Merece ser tratado como uma nação de cidadãos adultos, e não como carneirada a ser manipulada.

Mas enquanto a política continuar a ser um palco para medíocres vaidosos e os debates um combate entre indigentes de ideias, estaremos condenados a esta farsa miserável — a ver o nosso país decair nas mãos de quem não merece sequer representá-lo.

Mais uma vez, e com toda a convicção: Portugal merece mais.

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