As Influências
A proveniência de diferentes regiões e línguas africanas, o choque de culturas e formas de vida, e a brutal adaptação às condições de escravatura, imposta por uma América embrionária que criou os seus alicerces numa “mão de obra” brutalmente roubada ao continente africano, não conseguiram apagar a alma e os sentimentos de uma tradição oral, onde a música estava ligada à vida, à família, ao amor, ao trabalho e à morte.
Os “Griots” da África Ocidental, pequenos trechos musicais acompanhados por instrumentos de cordas rudimentares, falam das vidas nas comunidades.
Um dos exemplos do efeito ricochete é sem dúvida Ali Farka Toure do Senegal, a quem apelidam “The African John Lee Hooker”.
As inevitáveis ligações entre costumes africanos e as influências trazidas pela cultura europeia, com as polkas, as músicas irlandesas, e toda uma cultura musical da viragem do século, dão um certo destaque a dois instrumentos que se vão popularizar e enraizar nesta música, a guitarra e o piano.
Na mesma dimensão se encontra a religião. Os africanos ao tomarem contacto com a religião trazida pelos colonos, dão-lhe uma nova vida e um novo fulgor criando o Gospel Music. A exultação do “Senhor” serve de escape e de esperança ao modo de vida brutal e desumano em que viviam.
Alguns poetas e músicos, “Songsters” levaram nas suas múltiplas viagens sons de ragtime, música folk e espirituais influenciando e influenciando-se dos blues de carácter mais rural.
Contrariando um pouco este estilo mais melancólico (Deep Rural Blues), aparecem as “Jug Bands” com outro tipo de instrumentos. A Whashboard (tábua de lavar roupa), o Kazoo e o violino (a rabeca, foi levada para a América pela mão dos portugueses).
W.C.Handy, um líder de uma “Minstrel Orchestra”, influenciado pelos músicos mais genuínos, compilou e publicou aqueles que são os grandes clássicos dos blues. “Memphis Blues”, “Yellow Dog Blues”, “Beate Street Blues” e “St. Louis Blues”, o tema mais tocado nos anos 20 e que continua a ser incluído no reportório de muitos músicos de jazz.
O sucesso enorme de “Crazy Blues” de Mammie Smith’s, o primeiro disco de blues editado nos anos 20, deu a conhecer ao mundo esta música, onde a alma assiste à força com que o corpo e voz se contorcem.
Os Estilos
Delta Blues
Conhecidos como os blues do Mississippi, consistem em músicos que se acompanham à guitarra, ou em pequenas formações acústicas.
Com fortes influências africanas, o solo fértil do noroeste oferece arroz às plantações, onde o negro está em melhores condições que o negro do sul. Charlie Patton é a grande figura do Delta Blues. Outros nomes importantes deste estilo: Robert Johnson, Son House, Tommy Johnson, Mississippi John Hurt, Elmore James e John Lee Hooker .
Piedmont Blues
Este estilo complexo de guitarra (fingerpicking), por vezes lembra o piano pela forma como consegue separar melodia e acompanhamento dos baixos.
A forma sincopada lembra-nos o ragtime e as country dance songs.
O mestre da guitarra de 12 cordas, Blind Willie McTell, é um dos nomes mais importantes deste estilo. Blind Blake, Blind Boy Fuller, Reverend Gary Davis e Brownie McGhee, Sao referências incontornáveis.
Chicago Blues
Muddy Waters trouxe os blues do Delta para Chicago, electrificou-os e deu-lhes vida. O produtor Lester Melrose deu-nos a conhecer os nomes que anteriormente estão ligados a Chicago. Big Bill Broonzy, Tampa Red, Bukka White e Sonny Boy Williamson. Mais tarde, B.B.King, T-Bone Walker, Litlle Walter, Big Walter Horton, Jimmy Rogers e Buddy Guy.
Músico/Colaborador