Vivemos tempos em que é fácil dizer tudo… e difícil ser o que se diz. A coerência tornou-se uma espécie em extinção. Todos falam de valores, princípios e propósito, mas quando chega a hora de escolher, muitos trocam o essencial pelo conveniente.
A coerência não se mede nas palavras que se publicam. Mede-se nas decisões que se tomam quando ninguém está a ver. Ser coerente é um ato de coragem. É dizer “não” ao que brilha, mas não encaixa. É recusar atalhos que comprometem aquilo em que acreditamos. É ser igual na presença e na ausência, no palco e nos bastidores.
A incoerência é mais perigosa do que a mentira. Porque confunde. Porque mina a confiança. Porque faz os outros desacreditar até do que é verdadeiro. Vivemos numa era em que basta um post bonito para parecer virtuoso, uma frase inspiradora para parecer autêntico. Mas a coerência não vive nas frases. Vive nos gestos. Como dizia Aristóteles, “Somos aquilo que repetidamente fazemos. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito.”
O mesmo vale para a coerência: é um exercício diário, não uma promessa. Nos negócios, nas relações ou na liderança, coerência é o que transforma reputação em confiança. E confiança é a moeda mais valiosa que temos.
Pessoalmente, aprendi que a coerência é o elo entre o que acreditamos e o que construímos. Entre o discurso e o exemplo. E, tal como no networking, é ela que separa o contacto ocasional da relação duradoura. Porque a coerência não é sobre perfeição. É sobre verdade. E num mundo cheio de ruído, ser coerente é o ato mais silencioso, e mais revolucionário, que alguém pode praticar.

Empreendedor no setor da saúde visual, fundador da Eyephoria, Co-Fundador iCare Group, e do projeto Visionnaire Eyewear Concierge. Defensor da ótica independente com propósito, da distribuição justa e do cuidado visual centrado nas pessoas






