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Sexta-feira, Novembro 7, 2025

O tempo que nos escapa – Por Miguel Gonçalves

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Conta-se que um homem muito rico, já no leito da morte, foi perguntado: — “Daria toda a sua fortuna por mais um dia de vida?” Ele respondeu: — “Daria tudo por mais uma hora.”

O tempo é o único recurso verdadeiramente justo: todos recebemos 24 horas por dia, sem exceção. Mas também é o mais desperdiçado. Vivemos cheios de pressa, ocupados em responder a tudo e a todos e, no fim do dia, ficamos com a sensação de que não vivemos o essencial. A verdade é dura: não é falta de tempo. É falta de escolhas.

O tempo não se guarda, não se pede emprestado, não se acumula para mais tarde. Cada um de nós recebe, diariamente, uma conta bancária invisível: 86.400 segundos. O que não for usado, perde-se para sempre. E, ainda assim, quantas vezes deixamos o que importa para depois? – O café com aquele amigo. – A história antes de dormir aos filhos. – O abraço apertado a quem amamos. – O projeto que nos apaixona, mas que fica sempre adiado.

Vivemos como se o tempo fosse infinito, quando na verdade é apenas uma ampulheta que nunca para de correr. Cada grão que cai é um pedaço da nossa vida. E ninguém pode virar a ampulheta ao contrário. O curioso é que, quando olhamos para trás, raramente nos lembramos das horas gastas em reuniões inúteis, nas tarefas automáticas ou nas discussões sem valor.

O que fica na memória são os momentos: o riso inesperado, a viagem improvisada, a conversa que mudou o rumo da nossa vida. Pessoalmente, aprendi, muitas vezes à custa de erros, que o tempo é o ativo mais precioso do meu percurso como empresário, pai, marido e amigo. Os negócios podem falhar, o dinheiro pode ir e voltar, mas o tempo que não vivi com os meus filhos, com a minha mulher ou com as pessoas que me inspiram… esse nunca mais regressa. A grande pergunta é: temos coragem de escolher o que realmente conta?

No fim, não será sobre quantos anos tivemos, mas sobre os momentos que conseguimos transformar em eternidade. Porque o tempo não se mede em relógios. O tempo mede-se em vida.

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