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Segunda-feira, Março 24, 2025

O Governo caiu – Por Amadeu Ricardo

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Amadeu Ricardo
Amadeu Ricardo
Engenheiro/Colaborador

O governo caiu, mas não há preocupação – já estão todos a negociar as novas coligações e a garantir que na realidade nada mude.

O espetáculo político que assistimos com o chumbo da moção de confiança do governo de Luís Montenegro é mais uma demonstração de como a política portuguesa foi transformada num circo de vaidades e estratégias de curto prazo, onde os interesses partidários se sobrepõem descaradamente às necessidades do país.

O Chega e o PCP jogaram o seu papel habitual de força de bloqueio, cada um na sua bolha ideológica. O Chega, sempre a clamar contra o sistema, teve a oportunidade de influenciar o governo e exigir medidas concretas, mas preferiu a rábula da oposição total, sem qualquer estratégia séria de governação. O PCP, por sua vez, continua perdido no seu universo paralelo, como se Portugal ainda estivesse nos anos 70. Comporta-se como se tivesse relevância na política nacional, ignorando que a sua base eleitoral afunda-se a cada eleição.

O PS, que deveria ser a força de oposição responsável, revelou-se o maior oportunista do momento. Pedro Nuno Santos, em vez de agir com pragmatismo, preferiu precipitar novas eleições, apostando na confusão e na exaustão do eleitorado para tentar recuperar poder. É um jogo de cinismo puro, mas dentro das regras que têm vindo a caracterizar o PS nas últimas décadas: vale tudo pelo regresso ao governo.

E agora? Vamos a eleições outra vez! Como se isto fosse um festival de verão ou uma feira popular. O país fica novamente em suspenso, com decisões importantes adiadas, com a instabilidade a aumentar e os problemas estruturais a serem empurrados para a frente. A política tornou-se num jogo de cadeiras musicais onde o povo, grande parte politicamente iliterado, só é relevante de quatro em quatro anos – ou, neste caso, em ciclos eleitorais cada vez mais curtos.

Mas sim, agora somos todos os mais importantes! Até ao dia das eleições vamos ser cortejados, bajulados, enganados com promessas que ninguém tenciona cumprir. Depois? Voltamos ao anonimato, enquanto esta cambada de políticos infantis volta às suas negociatas, traições e jogos de poder.
A única esperança?
Bem, com os partidos que temos, o leque de escolha continua a ser deprimente.
O cansaço do povo é legítimo.
A abstenção pode ser o maior perigo, mas se os eleitores decidirem castigar esta classe política medíocre, talvez surja uma lufada de ar fresco.

Que o eleitorado tenha memória, que vote e castigue, de forma inequívoca, esta mediocridade. Caso contrário, continuaremos neste circuito infinito de incompetência.

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