A jovem de 20 anos, diagnosticada com perturbação de personalidade Borderline, decidiu relatar a sua vivência durante um breve internamento num hospital psiquiátrico. O episódio começou após um incidente que a levou ao hospital, onde foi avaliada por médicos que consideraram necessário um internamento. Apesar da decisão ter sido voluntária, a experiência revelou-se mais difícil do que esperado.
“Perguntaram me o que achava de ser internada, visto que era uma situação limite e seria para a minha segurança e para a segurança das pessoas que estão comigo; acharam que seria melhor para mim”, explicou. Após aceitar a proposta, foi transferida para a área psiquiátrica do hospital durante a madrugada.
Ao chegar, foi instalada num quarto sem janelas ou quaisquer objetos pessoais, uma prática comum nos primeiros dias de internamento para garantir a segurança dos pacientes. Segundo a jovem, não era permitido o uso de dispositivos eletrónicos, cordões em calçado, ou peças de vestuário que pudessem ser consideradas inseguras.
O isolamento inicial, associado à impossibilidade de contactar familiares, teve um impacto emocional significativo. “Eu sou extremamente ligada à minha família e preciso estar com eles 24 horas por dia. O facto de não poder ter nada para os contactar deixou-me bastante incomodada.”
Durante os dois dias de internamento, as condições do hospital e a falta de atividades agravaram o seu desconforto. A jovem relatou a dificuldade em se adaptar ao ambiente, especialmente pela convivência com outros pacientes que enfrentavam condições de saúde mental graves, dificultando a comunicação. “Eu estava completamente ciente do que estava a acontecer à minha volta. E isso foi a pior experiência que eu podia ter tido.”
Ao descrever a rotina no hospital, destacou o tédio extremo e a qualidade da alimentação. “Os dias pareciam semanas, porque nós não tínhamos nada para fazer. Era tédio, atrás de tédio.”
O contacto com a família foi limitado a uma chamada diária de 15 minutos, autorizada após o primeiro dia. A jovem utilizou este tempo para pedir à mãe que levasse objetos pessoais essenciais, como roupa e produtos de higiene. Contudo, a interação limitada causou sofrimento adicional: “Foi apenas uma chamada de 15 minutos, foi só mesmo para dizer isso, e depois eu tive que desligar, o que me custou imenso a mim e à minha mãe.”
No segundo dia, concluiu que a experiência não era adequada às suas necessidades. Após assinar um termo de responsabilidade, decidiu interromper o internamento. “Eu disse, chega, basta, por muito que eu precise de ajuda e que esteja numa fase muito delicada, este não é o sítio para mim, eu não pertenço aqui.”
O relato termina com uma reflexão sobre a importância de desmistificar questões relacionadas com saúde mental. “Eu estou aqui para desconstruir tabus sobre a saúde mental”, afirmou, sublinhando o impacto do internamento no seu reconhecimento do valor da vida e das pequenas coisas.
Apesar de admitir os benefícios de tratamento em alguns casos, a jovem alerta para a necessidade de se avaliarem cuidadosamente as opções antes de recorrer ao internamento. “Não é como ter uma perna partida e estar num tratamento normal. Não é, de todo.”
Este tipo de interação demonstra como o compartilhamento de experiências pessoais pode gerar conexões significativas e incentivar discussões importantes sobre temas sensíveis.
Mafi Morais, ao relatar sua vivência durante o internamento psiquiátrico, não apenas deu voz a muitos que passaram por situações semelhantes, mas também recebeu um importante reconhecimento pela sua coragem e autenticidade, através dos comentários recebidos.
Também em comentário a famosa cantora Carolina Deslandes, disse: “É preciso ter muita coragem para gravar este vídeo. Espero que estejas melhor e que te sintas orgulhosa de ti”, reforçando o impacto positivo desse tipo de abertura, incentivando a jovem a continuar a valorizar sua trajetória. Além disso, demonstra como figuras públicas podem usar esta plataforma para oferecer apoio e encorajar diálogos sobre saúde mental, um tema que ainda enfrenta preconceitos. Essa troca de mensagens destaca a importância da empatia e do apoio mútuo em momentos difíceis.
OC/RPC
Editor Adjunto