Distorcer informações, omitir a verdade, inventar mentiras são abuso psicológico também conhecido por “gaslighting”.
Os abusos emocionais começam de forma subtil e gradualmente podem evoluir para outros tipos de violência. Desta forma, é importante saber identificar os sinais de violência psicológica para conseguir escapar de situações desgastantes e penosas em que o agressor coloca a vítima: um limite e desespero extremo.
Infelizmente, a violência doméstica faz parte da experiência de muitos lares. É a casa, o espaço privilegiado da violência contra mulheres. E a violência doméstica é transversal a todas as classes sociais; médicos, engenheiros, políticos, ou outros de posição social elevada, cometem este tipo de crime.
Ora, a experiência diz-me que a violência é o resultado da existência de uma ordem hierárquica, isto é, trata-se de alguém que julga que os outros não são tão importantes como ele próprio e que esta é uma atitude que abre a porta à violência nas relações. A violência abrange múltiplas formas que atingem os cônjuges ou companheiros, principalmente, a violência física, psíquica e sexual.
Assim, considero que existem diversos fatores contribuintes para a violência, tais como: o isolamento, tendências para a violência baseadas nas crenças e atitudes, situações de stress, frustração, alcoolismo ou toxicodependência, vivências infantis de agressão ou de violência parental, como ainda personalidade sádica ou perturbações mentais ou físicas.
Quando falo em casos extremos de violência doméstica, refiro-me a homicídio conjugal tentado ou consumado, ou seja, às ruturas violentas de conjugalidade, a considerar: homicídio maus-tratos, homicídio violência-conflito, homicídio abandono-paixão e homicídio posse-paixão; a acrescer que muitos dos casos se encontram aí incluídos, concomitantemente, os menores.
Da experiência, pessoal e profissional, vivenciada “in loco”, é imprescindível fazer ainda muito para que os números de violência doméstica registados, até hoje, diminuam. Torna-se necessário proteger as vítimas e defender os seus direitos jurídicos, criminalizando as condutas de quem as viola. Apesar de tudo, para eliminar a violência doméstica ou familiar, tem-se feito, nos últimos anos, um longo caminho. No entanto, importa salientar que apesar da visibilidade e gravidade dos números de violência doméstica registados ultimamente, ainda se trata de um fenómeno dotado de uma séria e grande opacidade. E, assim irá permanecer se não se promoverem, com carácter de urgência, medidas, liderança, recursos, instrumentos, mecanismos e estratégias diversificadas e adequadas de abordagem célere e de intervenção eficaz por parte de todos os atores defensores do combate à violência em Portugal.
A violência doméstica, um padrão de comportamento atroz e destruidor, que varre o país.

Advogada / Responsável pelo projeto StopViolênciaContraMulheres