…Ou 1090 quilómetros para coisa nenhuma
Preparado para ir visitar um amigo a Celorico da Beira e com essa “desculpa”, inventei que ía a um funeral de um primo chegado, como justificação para a saída…
Adquiri um bilhete na sexta para. no dia seguinte, realizar a viagem.
Na noite anterior e já depois de ter “comprado” (cartão verde), fui informado que o meu amigo, afinal, estava em Portimão…
No sábado, cheguei à bilheteira por volta das seis da manhã e consegui trocar a viagem para Portimão, curiosamente, à mesma hora…
Depois de ter realizado uma viagem Porto-Portimão de 545 quilómetros, telefonei e tive a seguinte resposta do primeiro amigo:
– Ferro! Agora não posso, estou ocupado.
A seguir, uma cantora, a quem fiz uma proposta de trabalho internacional:
– Ferro que pena…Estou prestes a sair de casa para atuar em casa de um amigo e de seguida, vou trabalhar em Tavira.
– E amanhã?– Perguntei eu.
– Amanhã tenho um trabalho de teatro.
– Nem dá para um cafezinho?
– Não, desculpa…
Havia outra pessoa, provavelmente a editora que irá publicar o meu primeiro livro, de uma dezena que eu pretendo publicar.
E com essa nem consegui falar… Telefonei e enviei mensagem, sem qualquer tipo de resposta…
Voltei ao primeiro amigo…Continuava ocupado e que mais tarde me contactava.
Já tinha experenciado que os autistas não gostam de surpresas…Pelos vistos, não são os únicos…
As horas foram passando, mais lentamente do que o normal, e eu pensei, e bem, ainda estou a tempo de regressar ao Porto. E assim fiz.
Em Tunes, a bilheteira estava encerrada, mas mesmo assim, resolvi entrar no comboio. O cobrador foi impecável, e conseguiu um bilhete para Lisboa. Durante a viagem, e por estar muito cansado, comecei a pedir a pernoita, precisava de uma cama ou de um sofá, infelizmente não tive sorte…
Um estava no estrangeiro, outro fora da capital e o outro, com casa lotada!
Há uns anos, trabalhei em Lisboa e vivi num bairro junto à estação do Oriente e lembrei-me dos sem abrigo que por lá pernoitavam. Aí, acabei por experimentar a “cama” de pedra, uns bancos corridos e não gostei…
Fui ao primeiro andar e embora também tenha achado dura a nova “cama” de madeira, conformei-me. Seis e um quarto, e fui o primeiro a chegar à bilheteira!
– Bom dia é um bilhete intercidades para o Porto.
– Para o Porto, os comboios da manhã estão lotados, só tem um um pelas dezasseis e dois minutos. Mas, tem sempre a possibilidade dos comboios regionais…Lisboa-Entroncamento, Entroncamento-Coimbra, Coimbra-Aveiro e Aveiro- Porto. Uma verdadeira etapa da Volta a Portugal, de trem…
Cheguei ao Entroncamento e “corri” para a bilheteira, esperei pela minha vez e recebi a melhor notícia do dia!
– Tenho lugar para si! Devido à abundância de clientes o próximo intercidades, colocou mais uma carruagem, a 26, aqui está o seu bilhete!
Fui celebrar com um café bem cheio e aproveitar, para mandar um piropo à empregada do café. Na verdade, a senhora tinha uns lindos olhos…
Chegados e felizes a Campanhã! Aproveitei para ligar para o CAS, a avisar que chegaria um pouco tarde para o almoço que foi guardado no micro-ondas. Nesse dia, já bem jantado, procurei a mesa eleita para os meus escritos. Para espanto meu, vejo um indivíduo levantar-se e atirar com um livro pesado à minha cabeça. Valeram os meus reflexos rápidos e consegui desviar-me a tempo…
Conclusão:
No passado fim de semana viajei durante 14 horas, 1090 quilómetros, para nada…
Os amigos estavam todos ocupados, muito ocupados…
Nem deu para tomar café!…
Músico/Colaborador






