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Quarta-feira, Outubro 29, 2025

Não há distância na amizade

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Numa pequena aldeia no interior, onde o tempo parecia ter parado, duas amigas de infância, Paula e Sofia, partilharam alegrias e segredos durante os anos de liceu. Eram inseparáveis, sonhavam juntas, faziam planos para o futuro. No entanto, a vida, com suas reviravoltas, levou-as por caminhos diferentes.

Paula foi para a cidade e por lá ficou. Sofia manteve-se na aldeia, dedicando-se à sua família e à vida simples do campo.

Os anos passaram e as duas mulheres perderam-se de vista; Paula, ocupada com a carreira e a vida urbana, e Sofia, enraizada na sua rotina campesina, mal tinham tempo para pensar uma na outra.

Um dia, Paula recebeu a notícia devastadora de que o marido de Sofia havia falecido num trágico acidente. Apesar da tristeza não conseguiu deixar de recordar os momentos felizes que partilharam. Dos muitos momentos e confidências que viveram na adolescência.

Sem hesitar, decide voltar à aldeia para prestar as suas condolências.

Ao chegar, num dia cinzento de finais de outubro, sentiu uma onda de nostalgia e saudade da sua aldeia. Tudo estava na mesma, as ruas de paralelepípedos, as casas de pedra e o cheiro do pão fresco da única padaria, transportam-na à sua infância e juventude.

O vento fustigava-lhe o corpo magro e a tristeza que sentia não era palpável.

Não esquecera a casa da Sofia, mantinha os mesmos canteiros de flores e as grades de ferro verdes; tantas vezes ali se encontraram… Ao aproximar-se ainda hesitou por um momento, lembrando-se da última vez que estavam juntas, rindo e sonhando.

Sofia estava sentada no jardim, com os olhos perdidos no horizonte. Ao ver Paula, um misto de surpresa e dor iluminou seu rosto. Abraçaram-se, e deixaram rolar uma lágrima.

Foi um reencontro marcado por alguma tristeza, mas também pela força da amizade que nunca se extinguiu.

Com o olhar uma na outra e as mãos apertadas, deixaram que as memórias, de mansinho, as visitassem.

Paula falou sobre sua vida na cidade, enquanto Sofia contou sobre os desafios e alegrias de criar os filhos numa aldeia tão pequena. A conversa fluiu como um rio, levando embora um pouco da dor que as cercava.

Com o passar dos dias, Paula decidiu ficar um pouco mais na aldeia. Juntas, chegaram a encontrar consolo uma na outra, relembrando os bons tempos e criando novos momentos.

Faziam longas caminhadas apesar do frio e chuva dum outono rigoroso que há muito não se via – diziam os da terra.

A amizade que parecia perdida foi reencontrada; o amor que sentiam uma pela outra nunca as abandonou.

Despediram-se numa manhã outonal com a promessa de se visitarem amiudadamente.

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