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Segunda-feira, Março 24, 2025

Mirandês: a segunda língua oficial de Portugal – Por Victor Carvalho

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Victor Carvalho
Victor Carvalho
Técnico de Formação Profissional

Mirandês ou Língua Mirandesa é uma língua em uso no Nordeste de Portugal, Miranda do Douro e também em concelhos limítrofes desta cidade do distrito de Bragança. Mirandês é o nome que recebe o asturo-leonês em território português. Não é um dialeto.

Também é falado em alguns países do mundo para onde os transmontanos desta região foram procurar melhores condições de vida.

A Diáspora afigura-se como uma potencialidade, não obstante as ameaças que a Língua enfrenta.

Tem resistido ao longo dos séculos, uma vez que é anterior à própria formação de Portugal.

O Mirandês tornou-se a segunda Língua Oficial de Portugal após a aprovação da lei na Assembleia da República, em 17 de setembro de 1998. Mereceu a concordância de todos os partidos políticos à época.

Em 29 de Janeiro de 1999, foi publicada em Diário da República, a Lei nº 7/99 que reconhece, oficialmente, os direitos linguísticos da comunidade mirandesa.

É ensinada, no ensino oficial, na Escola Secundária do concelho de Miranda do Douro como disciplina opcional (cada vez com mais alunos) e o Agrupamento de Escolas de Mogadouro lançou o Clube de Língua Mirandesa. Não consegui apurar se o Agrupamento de Escolas de Vimioso tem atividades com esta língua.

É deveras importante este ensino para que a língua não venha a extinguir-se. Necessita de apoios, uma vez que há estudos que apontam para o seu presumível desaparecimento, se nada de relevante for feito, nos próximos 20 anos.

Sendo um alerta também de cidadania, urge a implementação de mais medidas de apoio com vista não só à preservação da língua, mas, também, ao seu desenvolvimento e expansão.

Poderá o leitor, certamente, interrogar-se, mas porquê tanta importância assim se isso é uma língua falada no Nordeste?

Os legisladores conferiram-lhe o estatuto de língua oficial de Portugal, por conseguinte dimensão nacional.

Existem Associações que, felizmente, vão fazendo o seu trabalho e vão promovendo iniciativas com o intuito de que esta se transmita e passe de geração em geração.

Importa que se unam esforços de Associações, autarquias, escolas, instituições, as chamadas forças vivas, com vista ao desenvolvimento de tão nobre objetivo.

Numa ótica de diagnóstico de necessidades de formação vejo, como essencial, a criação de uma UFCD – unidade de formação de curta duração, desta língua.

Não consta no Catálogo Nacional de Qualificações.

Seria mais um e importante contributo na alavancagem da língua.

Que se potenciem sinergias com vista à elaboração do referencial da citada UFCD e seja proposto junto da ANQEP- Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional, com vista à certificação dessa UFCD.

Há dias, estive em Bragança, à hora de almoço trouxe à colação este assunto e perguntei ao conviva da mesa de almoço, se sabia falar Mirandês, ao que ele, prontamente, respondeu afirmativamente em Mirandês, não escrevo a palavra, para não cometer algum erro, fiquei impressionado, positivamente, pela prontidão da resposta. Trocámos impressões sobre o assunto, disse que, em tempos, também, foi vista como a “Língua dos Parolos”, ora o que se pretende é desconstruir isso e valorizar a língua que vem desde os primórdios. Passou uma imagem positiva do futuro da língua, considerando-a “estar na moda”.

Salvaguardando as devidas distâncias, falámos de gastronomia, isto então é como o Cação, foi um peixe dos pobres e hoje é repasto e caro, em bons restaurantes do nosso país.

Ora vamos lá arregaçar mangas e tocar o Mirandês para a frente.

A Bem da Língua e da memória coletiva.

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