O Salão Nobre dos Paços do Concelho de Setúbal foi palco, no sábado, da apresentação do livro Cadeia de Caxias – A Repressão Fascista e a Luta pela Liberdade, uma publicação da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP). A obra documenta o percurso de dez mil presos políticos que passaram por Caxias, destacando-se como um testemunho da repressão do Estado Novo.
O presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, afirmou que o livro “não é apenas um relato do passado, mas também um testemunho de coragem, de dor e de resistência e um alerta para que nunca se apague da memória coletiva o sofrimento imposto pela ditadura fascista em Portugal”.
Referindo-se à Cadeia de Caxias como “um dos principais instrumentos de repressão do Estado Novo”, André Martins recordou que naquele espaço ocorreram “indescritíveis violações dos direitos humanos”, sublinhando que “homens e mulheres foram encarcerados, torturados e humilhados por se oporem à tirania fascista”.
O coordenador da URAP, José Pedro Soares, revelou que, após uma investigação na Torre do Tombo, a organização registou mais de 34.600 nomes de ex-presos políticos, um número superior aos 29 mil do Registo Geral de Presos.
Pedro Soares, também da URAP, referiu que a missão da organização passa por “preservar a memória e garantir o acesso ao conhecimentopara combater a desinformação”.
A cerimónia iniciou-se com um momento musical pelo coro TuttiEncantus, que interpretou temas de Zeca Afonso, incluindo “Grândola, Vila Morena”, entoada em conjunto pela plateia. O evento terminou com a entrega, por parte do presidente da Câmara, das fichas da PIDE aos ex-presos políticos presentes.
