O poeta e médico, João Luís Barreto Guimarães voltou a ser galardoado com o Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa, desta vez pela obra Aberto Todos os Dias. O prémio já lhe tinha sido atribuído em 2017, pela obra Mediterrâneo. A escolha do livro vencedor foi feita por maioria por um júri composto por António Carlos Cortez, Carina Infante do Carmo e José Carlos Seabra Pereira. A data da cerimónia de entrega do prémio será anunciada posteriormente.
O Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa, criado pelo Município de Faro em colaboração com a Associação Portuguesa de Escritores (APE) e patrocinado pela Fundação Millennium BCP, distingue anualmente uma obra de poesia publicada em língua portuguesa, em primeira edição. Além do reconhecimento, o prémio atribui ao autor vencedor um valor monetário de 12.500 euros.
Segundo a fundamentação do júri, Aberto Todos os Dias é uma obra que combina reflexões meditativas sobre aspetos do quotidiano com temas como a passagem do tempo, a História e a própria criação literária. O livro adota uma estrutura de colagem, integrando elementos diversos que se complementam. O júri destacou a epígrafe final de Christopher Reid – “He pursued a vision of wholeness by means of collage” – como uma síntese da abordagem compositiva da obra.
João Luís Barreto Guimarães nasceu no Porto, em junho de 1967 e estreou-se como poeta em 1989 com o livro Há Violinos na Tribo. A par da sua carreira literária, exerce medicina, sendo especialista em cirurgia plástica e reconstrutiva. Publicou diversos títulos ao longo das últimas décadas, incluindo Nómada (2018), Movimento (2020) e Claridade (2024). A sua produção poética é amplamente reconhecida tanto em Portugal como no estrangeiro, com obras traduzidas e publicadas em países como Espanha, França, Itália, Grécia, Sérvia e Estados Unidos.
Em 2022, o poeta foi distinguido com o Prémio Pessoa, um dos mais prestigiados galardões culturais em Portugal. Além deste e do Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa, foi ainda premiado com o Prémio Livro de Poesia do Ano Bertrand, em 2019, pelo livro Nómada. A sua obra Mediterrâneo recebeu o Willow Run Poetry Book Award, tendo sido publicada nos Estados Unidos e distinguida como o primeiro livro de um autor não americano a conquistar esse prémio.
Com Aberto Todos os Dias, o poeta continua a explorar temas recorrentes na sua poesia, como a relação entre o tempo, a memória e o quotidiano. A escrita, descrita como irónica e melancólica, constrói uma ponte entre a vida comum e a contemplação poética, revelando influências literárias e artísticas que enriquecem a sua obra. A publicação deste livro reforça a presença do autor no catálogo da Quetzal, onde se encontra desde 2011 com Poesia Reunida.
A atribuição do Grande Prémio de Poesia António Ramos Rosa 2023 confirma o lugar de destaque de João Luís Barreto Guimarães no panorama literário contemporâneo. O poeta é reconhecido não só pela consistência da sua produção, mas também pela capacidade de renovação ao longo de uma carreira que se estende por mais de três décadas.
OC/RPC