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Segunda-feira, Dezembro 29, 2025

Itália prende dirigentes de associação pró-Palestina por suspeita de financiamento do Hamas

As autoridades italianas detiveram o presidente de uma associação de apoio à Palestina e vários outros dirigentes da mesma organização por suspeitas de desvio de fundos de ajuda humanitária para o financiamento do grupo Hamas, classificado como organização terrorista pela União Europeia, num processo que envolve milhões de euros e uma vasta rede internacional de angariação de donativos.

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A polícia italiana revelou que prendeu nove pessoas acusadas de financiarem o Hamas a partir do país em mais de sete milhões de euros. O esquema implicava três instituições de solidariedade que recolhiam fundos para ajudar pessoas em Gaza, mas que acabaram desviados.

A operação, conduzida por unidades antiterrorismo e antimáfia, resultou nas acusações que incluem mais de 71 % dos fundos angariados — cerca de 7,28 milhões de euros — que foram desviados do objetivo declarado de ajuda humanitária e entregues diretamente ao Hamas ou a entidades ligadas à organização. Estima-se que isto tenha ocorrido através de várias associações de caridade, sob o pretexto de apoio humanitário à população palestiniana, e mecanismos de transferência financeira complexos investigados pela Polícia italiana.

Segundo o Ministério Público italiano, os fundos eram angariados através de várias associações e organizações sem fins lucrativos, mas acabavam por ser canalizados para estruturas ligadas ao Hamas, nomeadamente para apoio logístico e financeiro do movimento.

Entre os detidos encontra-se Mohammad Hannoun, apontado pelas autoridades como presidente da Associação Palestina em Itália e alegado “chefe da célula italiana do Hamas” — ou seja, uma figura chave na estrutura de financiamento do movimento no país, agora desmantelada. A investigação indica que o grupo utilizava contas bancárias, doações em numerário e campanhas públicas para ocultar o verdadeiro destino do dinheiro.

Durante as buscas, a polícia apreendeu ainda mais de 8 milhões de euros em bens, incluindo dinheiro vivo, imóveis e documentação financeira considerada relevante para o processo.

As autoridades sublinham que a investigação contou com cooperação internacional, envolvendo forças policiais europeias e informações partilhadas por serviços de inteligência estrangeiros.

O caso está a gerar forte polémica. Enquanto o governo italiano afirma tratar-se de uma ação necessária para combater o financiamento do terrorismo, várias organizações pró-Palestina denunciaram o que consideram ser uma tentativa de criminalizar a solidariedade com o povo palestiniano.

Os suspeitos estão indiciados por crimes de financiamento do terrorismo, associação criminosa e branqueamento de capitais, podendo enfrentar penas de prisão severas caso venham a ser condenados.

É possível que Hannoun tenha apoiado ou participado em iniciativas pró-Palestina como a flotilha, pois ele é uma figura conhecida no activismo pró-Palestina e esteve ligado a essas mobilizações em anos recentes, mas as acusações legais concretas que levaram à sua detenção não referem explicitamente “financiamento da flotilha” como um dos crimes. O foco oficial das acusações é o alegado desvio de fundos angariados como “ajuda humanitária” para fins ligados ao Hamas.

A investigação continua e não são excluídas novas detenções.

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