
“Será a estação de maior complexidade que fizemos em Portugal“, disse o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, na apresentação do Plano de Pormenor Estação de Gaia – Santo Ovídio – Projeto de Alta Velocidade Porto-Lisboa que esta manhã decorreu em Vila Nova de Gaia.
A estação terá ligação às linhas do metro Amarela (Hospital São João-Santo Ovídio, estando em construção o prolongamento a Vila d’Este) e Rubi (em construção para ligar Casa da Música, Campo Alegre, Arrábida, Candal, Rotunda, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio), bem como a autocarros.
O vice-presidente da IP prevê “começar a receber as primeiras propostas durante o mês de julho” e que o “contrato entre em vigor até dia 1 de julho de 2025”. Carlos Fernandes calcula que a obra arranque no “início de 2026″ e que “cinco anos depois de 1 de julho de 2025 este troço possa estar em funcionamento”.
Carlos Fernandes e o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, explicaram as razões de ter sido incluído no projeto esta nova estação: “Se todos os passageiros que pretendem chegar à Área Metropolitana do Porto (AMP) saíssem em Campanhã, o escoamento seria difícil”.
No projeto original, a última paragem antes de Campanhã, no Porto, era em Aveiro, mas “a reconfiguração da AMP nas últimas décadas permitiu mostrar que haverá sempre constrangimentos nas travessias”, disse o autarca de Vila Nova de Gaia, acrescentando: “Estamos aqui hoje porque existe uma necessidade técnica, justificada tecnicamente, de fazer uma estação em Vila Nova de Gaia. O que se quis fazer foi contribuir para melhor mobilidade”, referiu o autarca.
“É a obra mais importante do país“, disse Eduardo Vítor Rodrigues, a propósito deste projeto de alta velocidade. “Do meu ponto de vista não é sequer o novo aeroporto [a obra mais importante]. Verdadeiramente o que vai trazer coesão ao país é a ferrovia“, salientou.
Por seu turno, o arquiteto Joan Busquets, autor do projeto da nova infraestrutura, revelou que será requalificado um curso de água no vale de Quebrantões e nova estação terá um vestíbulo para deixar entrar a luz a exemplo de projetos de Paris (França) ou de Nova Iorque (Estados Unidos da América).
O “respeito pelo verde” e a ligação entre o Jardim do Morro e Santo Ovídio, foi realçado por António Miguel Castro, da empresa Gaiurb – Urbanismo e Habitação, que considerou que este projeto representa um “novo modelo de desenvolvimento da cidade”.
A linha de alta velocidade deverá ligar Porto e Lisboa em cerca de uma hora e 15 minutos.
O concurso público para o lote 1 (Porto-Oiã) da primeira fase foi lançado em janeiro, e o do lote dois (Oiã-Soure) deverá ser lançado este mês. A fase 3 (Soure-Carregado) deverá ser lançada em 2026.
Deverão ser realizados 60 serviços por dia e por sentido, dos quais 17 serão diretos, nove com paragens nas cidades intermédias (Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia, e 34 serviços mistos (com ligação à rede convencional).
O projeto prevê transportar 16 milhões de passageiros por ano na nova linha e na atual Linha do Norte, dos quais cerca de um milhão que atualmente fazem a viagem de avião.
Paralelamente, está também a ser projetada a ligação do Porto a Vigo, na Galiza (Espanha), com estações no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, Braga, Ponte de Lima e Valença (distrito de Viana do Castelo).
No total, segundo o anterior Governo, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.
MP/OC/Lusa

Jornalista free-lancer