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Domingo, Abril 27, 2025

G20 – “Super-ricos têm de ser taxados por uma questão de sobrevivência da democracia”

O economista Quentin Parriniello, um dos obreiros do relatório que vai ser apresentado na quinta-feira aos responsáveis das finanças e bancos centrais do G20, considera que taxar os super-ricos é uma questão de “sobrevivência da democracia”.

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Em entrevista à Lusa, o diretor político do Observatório Tributário da União Europeia afirma que nesta proposta não está em causa apenas “aumentar receita, mas também uma forma de reconstruir a confiança com os governos”.

É preciso exigir de forma clara que somos capazes de desenhar um sistema de impostos onde aqueles que têm mais condições de pagar impostos paguem tanto como o resto da população”, sublinha o economista francês, referindo-se ao sistema vigente.

Esse sistema, considera, “facilita a fuga aos impostos dos mais ricos, ou a alocação de capital em que consigam pagar menos impostos, o que permite que “o teu vizinho que ganha mais pode pagar menos impostos que tu”.

Na opinião de Quentin Parriniello, a não cobrança de impostos aos bilionários, “mina a confiança nos Governos que deviam trabalhar para o bem maior e não para uma pequena elite”.

“Não é apenas sobre aumentar as receitas, é sobre salvar a democracia e reconstruir a confiança entre governos e cidadãos”, considera.

O Brasil, que detém a presidência do grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20) até finais de novembro, encomendou o relatório e espera que este seja apoiado pelo máximo número de países, durante a cimeira de ministros das Finanças e de Presidentes de Bancos Centrais do grupo, que decorre entre quinta e sexta-feira na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

As conclusões do relatório indicam que um imposto mínimo de 2% sobre os bilionários seria a opção mais indicada para restaurar a progressividade tributária globalmente e arrecadar mais de 250 mil milhões de dólares (230,9 mil milhões de euros ao cambio atual) por ano.

De acordo com o Observatório Tributário da União Europeia existem menos de 3 mil bilionários em todo o mundo.

Até agora, os únicos países que pertencem ao grupo das 20 maiores economias mundiais que apoiaram publicamente a ideia de um imposto mínimo global sobre os muito ricos foram o Brasil, a França e a África do Sul.

Bélgica e Espanha, país convidado permanente nos trabalhados do G20, também já apoiaram a medida, assim como 12 países da América Latina.

O Governo português – que foi convidado pelo Brasil para membro observador do G20 – ainda não se pronunciou sobre esta matéria.

Ainda assim, recorda Quentin Parriniello, durante a reunião do G7, que decorreu no mês passado em Itália, as principais economias mundiais mostraram-se “Dispostas a trabalhar de forma construtiva com o Brasil para uma decisão” e assumiram que têm de fazer mais em relação à taxação dos bilionários.

Em relação ao desfecho positivo durante as reuniões do Rio de Janeiro, nas quais Portugal está representado pelo secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, José Maria Brandão de Brito, o economista francês indica esperar “o melhor”.

Aponta, contudo, a possibilidade de não conseguir nada porque “infelizmente isso pode acontecer devido a questões geopolíticas”.

Mas pode acontecer também que se faça um “diagnostico comum e uma agenda definida”.

Mas independentemente do cenário isto é apenas o início de uma história”, perceber que isto é um problema e o que se deve fazer para o colmatar, sublinha o economista.

Em relação à forma como o dinheiro arrecadado pelos impostos dos bilionários pode ser alocado, Quentin Parriniello justifica que esta não deve ser uma conversa para o momento.

“Se discutirmos como utilizar o dinheiro antes de obtermos o dinheiro não é a melhor forma” de se chegar a consenso, considera.

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