Tudos a postos no “quartel-general” da seleção para o jogo frente à Turquia. Mais uma vez, o técnico de Portugal tem à disposição os 26 jogadores.
O ambiente em Marienfeld não é de euforia, ou não estejamos perante um gupo de futebolistas bastante experientes, mas de confiança e muita crença na passagem à fase seguinte. A Turquia é forte, sim, mas não tão forte que assuste o conjunto luso.
Depois da vitória sobre a Chéquia, um triunfo tão importante quanto sofrido, dois nomes fizeram as manchetes dos jornais e as “delícias” das dezenas de comentadores das Televisões – Francisco Conceição e Roberto Martinez. E por motivos diferentes.
O avançado do FC Porto foi um dos visados na convocatória, se seria ao não justa a sua escolha ( tal como Pedro Neto que, com Francisco, desmontou a defesa checa). E como no futebol, usando o chavão, “de besta a bestial basta um jogo”, Francisco Conceição passou a indispensável, sendo sugerida a sua entrada de início. Como são cruéis os comentadores profissionais da bola!
O futebol “é momento”. Todos sabem isso, mas alguns teimam em esquecer quando convém.
De “párias”, Pedro Neto e Conceição, passaram a heróis. E muito bem!
Já Roberto Martínez está à espera de “julgamento mediático”- depende da equipa que colocar hoje de início e, claro, do resultado final. Se ganhar, continuará a ser bom, mas…Há sempre um “mas” no futebol.
Daí começarmos pelas suas declarações de antevisão ao jogo com a Turquia.
Martínez: “Precisamos de ser nós mesmos”
Sobre quem começa e quem entra, o treinador desvaloriza.
“Temos 23 jogadores de campo e dez no onze. Importante é que estão todos preparados. O Chico e o Pedro Neto mostram porque estão na Seleção. O Diogo Jota entra e mostra porque está preparado, o Semedo também. Para nós o importante é crescer. Depois do jogo contra a Chéquia estamos mais preparados, demos a volta ao marcador após sofrer um golo. Precisamos de todos. Estar no onze inicial ou não, não é importante para os jogadores neste momento.“
Havendo aspetos a melhorar, Roberto Martínez elogia o rendimento do conjunto e valoriza as estatíticas.
“Para além do resultado, que tem um peso significativo as estatísticas dão 73% de posse, 13 cantos, dados que são muito bons. É essencial melhorar, não tivemos o número de remates que pretendiamos na primeira parte. A nota mais positiva, que gostei, foi a forma como reagimos ao golo. A equipa teve maturidade, tivemos cinco remates à baliza, marcámos dois golos. Não tivemos essa reação com a Eslovénia e a Croácia, então a equipa é cresceu. Há pontos que temos melhorar.”
E os elogios a Pepe, pois claro…
“Pepe é um jogador que se adapta em estruturas táticas diferentes. É importante, um defesa que gosta de defender, comunicar e pode jogar tanto numa linha de três ou quatro”.
Sobre a Turquia, Ylmaz e Guler
“Sabemos que Guler é um talento excecional, com um pé esquerdo fenomenal. Eles têm uma equipa muito eficiente e gosto de equipas que dão espaço aos jovens, como a Turquia.
Comparando a Chéquia à Turquia
“São, sem dúvida, adversários muito diferentes. Não era o plano da Chéquia ter bloco baixo cedo, mas foi a consequência, criámos muitas oportunidades, tivemos o controlo do jogo. A Chéquia gosta de marcação ao homem e de um trabalho defensivo diferente do que conseguiram fazer. A Turquia com Yilmaz e Guler, jovens, mas com papéis importantes, com experiência de jogadores como Çalhanoglu. Têm muita qualidade com bola e estrutura defensiva boa e forte.”
“Esperamos que o estádio tenha um ambiente muito bom. Vi o jogo da Turquia contra a Geórgia, eles tinham muito apoio nas bancadas. A Turquia tem um jogo interior muito forte, precisamos de parar isso, estar compactos e ter uma ideia clara, mas sermos nós mesmos. Ter controlo e dar largura. A Turquia pode defender, mas terá o foco em atacar, o último golo mostra isso, mostra a personalidade e a atitude desta equipa. ” – disse.
Avaliar e Melhorar
“O importante é rever e avaliar todos os desempenhos. Acho que é importante ter clareza naquilo que podemos melhorar. O importante é a atitude que temos, os jogadores têm muita autocrítica e não precisam do treinador a apresentar notas. Não são críticas negativas, são sim notas que precisamos de melhorar e avaliar. Os três treinos que tivemos foram muito positivos, gostei muito da atitude dos jogadores e temos 26 aptos para hoje, mais preparados do que antes do jogo com a Chéquia.”
Rafael Leão: “São perigosos, não podemos dar espaço“
O extremos português, Rafael Leão, sente-se preparado para os grandes embates, gostou do que fez diante da Chéquia e elogiou os companheiros
“A nível mental preparei-me porque o Europeu sempre foi um objetivo, um sonho, estar a competir com a camisola da Seleção é um orgulho. Não tanto de forma individual, mas coletivamente estou a desfrutar com grandes jogadores e com o selecionador, quero fazer uma grande campanha individual e coletiva.”
“Acho que fiz uma boa primeira parte diante da Chéquia, tentei criar oportunidades, tive mais bola. Na segunda parte não consegui ter tanta bola. No geral fiquei contente, claro que na segunda parte queria ter ficado mais tempo a ajudar a equipa, mas os meus companheiros que entraram levaram energia e fiquei muito contente. Se vou ser titular não sei, mas estou preparado para ser titular ou para entrar, temos jovens com muita qualidade, o Neto, o Chico e ou o Jota dão conta do recado, temos uma Seleção muito forte.” – afirmou Leão
“Temos grandes jogadores, claro que quero ser titular e ajudar a equipa. Sempre que entro em campo tento mostrar por que sou titular e o que tenho mostrado no meu clube é o que tenho mostrado na seleção.”
E a Turquia?
“É um jogo importante, contra uma seleção com qualidade. São perigosos, não podemos dar muito espaço e individualmente podem fazer a diferença. Estudámos bem o que mister pediu para fazermos amanhã e acho que vai ser totalmente diferente do jogo contra a Chéquia, mas vamos entrar para ganhar.”
“Vamos ter espaço para jogar”
“Para nós, extremos, sim, vai haver espaço. Vai ser um bom jogo, com espaço e podemos mostrar a nossa força no ataque, o conceito que o mister nos tem transmitido. Vai ser um jogo mais bonito e mais ao estilo da seleção portuguesa.”
Jogadores da Turquia
“O Hakan, joguei com ele no Milan e tem muita qualidade, remata bem e é perigoso, tal como o Guler, que joga no Real Madrid, e que com a idade que tem consegue fazer a diferença, assim como o Yılmaz, é um jogador muito rápido, creio que são os que fazem a diferença.”
O ambiente do jogo
“Sabemos que o ambiente difícil. Há muitos turcos na Alemanha, mas estou certo que contamos com o apoio dos portugueses.”
Diogo Jota: “Passar a Fase de Grupos“
Para o jogador do Liverpool, passar a fase de grupos é, para já, a preocupação dominante. Foi um dos “abre-latas” de Martínez no jogo frente à Chéquia e acredita que o encontro de hoje pode ser decisivo.
“Obviamente, o primeiro objetivo é passar a fase de grupos e temos oportunidade de o fazer no segundo jogo. Pode ser decisivo e queremos que caia para o nosso lado. Mas só fazendo o que trabalhamos e o que treinamos é que podemos chegar ao jogo da melhor maneira possível, estamos focados nisso”.
Chéquia e Turquia
“Esperamos um jogo completamente diferente, a qualidade dos jogadores da Turquia é superior, taticamente procuram outro tipo de jogo. Se conseguirmos impor o nosso jogo como fizemos contra a Chéquia, pode ser melhor porque a Turquia não está tão habituada a defender em bloco baixo. Acho que nesse caso podemos tentar sair com os três pontos e com a qualificação”.
Táticas…
“Lembro-me de alguns remates fora da área no primeiro jogo, alguns se calhar bloqueados que acabaram por dar canto. Temos indicação para tentar desmontar as defesas e não forçar os lances em demasia. Mas contra equipas que estão muito baixas, esse remate é opção. Temos também de tentar entrar. Na 1.ª parte faltou-nos presença na área, mas na 2.ª já tivemos muito mais e encontrámos maneira de ganhar o jogo, que é o mais importante”.
Depois da Chéquia
“Como em todos os jogos, o mister tentou mostrar as coisas positivas que fizemos, que foram muitas, conforme os dados espelham. E também o que de menos bom fizemos, como a presença na grande área que tivemos na 1.ª parte. Com bola tentámos entrar um bocadinho sem convicção, foi isso que nos disse e que pediu que fosse diferente, tentar entrar de forma mais incisiva sempre ao invés de fazê-lo só quando estamos em desvantagem”.
Turquia
“Acho que a Turquia tem uma grande equipa a nível individual e, por isso, não lhes podemos dar muito espaço. Temos de controlar bem o jogo e tentar reduzir o tempo que vão ter para fazer a diferença”.
Difícil para todos
“Não é fácil para ninguém. Os mais desatentos podem acompanhar os resultados das outras seleções, nenhum jogo se vence de forma fácil. Podem tornar-se mais ou menos simples mediante o que nós fazemos. Um primeiro jogo ia ser sempre complicado, mas fiquei muito feliz pela vitória, dá confiança até pela maneira que foi. Há que acreditar no que estamos a fazer e tentar não andar de calculadora na mão”.
“Não olhámos para a convocatória como talvez olha um adepto comum ou os jornalistas, que talvez tentam ‘espezinhar’ as escolhas. Sabemos o que podem dar à equipa e acho que as substituições foram na ‘mouche’. Com dois toques foram decisivos e esperamos que possam sê-lo novamente”. – disse Jota
Apoio, sempre!
“Os portugueses olham para o futebol como um grande motivo de alegria e, tal como aconteceu em 2016, esperamos dar uma grande alegria. Sentimos o apoio incondicional tanto aqui como na Alemanha e vamos dar o nosso máximo para que isso possa acontecer”. – concluiu o avançado português.
O Jogo, que decorrerá em Dortmund, tem início agendado para as 17 horas (de Portugal) e o árbitro é o alemão Félix Zwayer.
A.Jorge Santos / FPF
Jornalista