Filipe Barros e João Barão desenvolveram uma plataforma online que pretende comparar as medidas dos partidos com assento parlamentar nas Eleições Legislativas de 2025.
“Desde o primeiro dia em que começámos a desenvolver o Vota AI, a nossa missão foi clara: promover a literacia política. Queremos mostrar que a Inteligência Artificial pode — e deve — ser usada para aproximar as pessoas da política. Não como substituto do pensamento crítico, mas como uma ponte entre a complexidade dos programas eleitorais e o direito de cada cidadão a decidir com base em informação clara.”, afirma Filipe Barros.
Com a aproximação das Eleições Legislativas de 2025, tornou-se evidente a dificuldade que muitos cidadãos enfrentam para compreender e comparar as propostas políticas dos partidos.
Foi esse contexto que motivou a criação do Vota AI, inserido no projeto curricular de final de curso da L:IACD dos dois estudantes, com o objetivo de tornar a informação política mais acessível e facilitar a compreensão das propostas partidárias.
A plataforma permite aos utilizadores fazer perguntas livres sobre temas como habitação, saúde, impostos ou educação, recebendo respostas fundamentadas nas propostas dos partidos, com base nos seus programas oficiais.
A ferramenta foi desenvolvida com técnicas avançadas de NLP (Natural Language Processing) e integração com modelos de linguagem de última geração, garantindo que as respostas são claras, contextualizadas e verificáveis.
O sistema baseia-se numa arquitetura de RAG (Retrieval-Augmented Generation), que conjuga recuperação semântica de informação com modelos de linguagem. Quando alguém faz uma pergunta, o Vota AI localiza os excertos mais relevantes dos programas partidários e gera a resposta com base nesses conteúdos.
“O Vota AI responde com base nos programas oficiais dos partidos políticos, mantendo-se sempre neutro e imparcial por desenho. Esta característica diferenciadora ajuda a minimizar possíveis interpretações erradas ou enviesamentos, ainda que, como qualquer modelo linguístico, o comportamento do sistema possa ser influenciado pela formulação das perguntas feitas pelos utilizadores”, explicam os estudantes responsáveis por esta plataforma.
“Chegar a todas as pessoas”
O Vota AI é gratuito, acessível online e já está a ser utilizado por milhares de pessoas. Desde o lançamento, os autores têm recebido mensagens de estudantes, professores e cidadãos a elogiarem a utilidade da plataforma — um sinal claro da importância de tornar a informação política mais acessível.
“A plataforma é e será sempre gratuita, precisamente porque acreditamos que o acesso à informação política não deve depender de quem pode pagar por ela. O nosso objetivo é chegar a todas as pessoas, em todo o país, independentemente da idade, da formação ou do tempo disponível para ler dezenas de páginas de propostas. Acreditamos que o voto informado é um pilar essencial da democracia, e o Vota AI é o nosso contributo para tornar esse ideal mais próximo da realidade.”, conclui João Barão.
O trabalho foi realizado no LIACC – Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores da Universidade do Porto, com a supervisão dos docentes da FEUP, Luís Paulo Reis (codiretor da L:IACD) e André Restivo. O projeto foi inicialmente
focado nos aspetos técnicos dos modelos de linguagem (LLMs), mas, no contexto de eleições, os estudantes quiseram aplicar o conhecimento a um problema com impacto real na sociedade — e não apenas criar uma prova de conceito académica.
Sobre a L:IACD
A licenciatura em Inteligência Artificial e Ciência de Dados foi criada em 2021 e é resultado de uma colaboração pioneira entre as faculdades de Ciências e de Engenharia: a primeira no país a formar profissionais qualificados nos domínios da Inteligência Artificial e Ciência de Dados, áreas que têm uma forte procura por parte dos empregadores na região Norte, a nível nacional e internacional.
Está entre as licenciaturas abrangidas pelo Programa «Impulso Jovens STEAM» da Universidade do Porto, que inclui “Bolsas de incentivo”, destinadas a novos estudantes que ingressam pela primeira vez no Ensino Superior e que se matriculem no 1.º ano das licenciaturas por ele abrangidas e “Bolsas de Distinção Académica”, entregues aos estudantes com melhor desempenho académico.
A L:IACD tem crescido e, ao longo dos anos, com uma nota de acesso cada vez mais elevada e que atingiu os 18,75 valores em 2024/25. Esta nota de acesso foi a quarta mais elevada a nível nacional de entre os mais de mil cursos disponíveis no concurso nacional de acesso ao ensino superior em Portugal.
