A campanha presidencial dos Estados Unidos aproxima-se do seu clímax, com os candidatos a intensificarem os esforços nos estados que podem decidir a eleição.
Kamala Harris, candidata democrata, encerra o último dia de campanha na Pensilvânia, um dos sete estados decisivos, onde promete transformar a saúde num direito acessível a todos os americanos e compromete-se a apoiar uma solução pacífica para o conflito em Gaza. A presença de Kamala Harris na Pensilvânia sublinha a importância do estado para a conquista da Casa Branca, sendo um território onde nenhum presidente foi eleito sem vencer. Com 19 delegados no colégio eleitoral, o estado é essencial para qualquer estratégia de vitória, e Kamala reforça esta posição com três comícios e interações com a comunidade latina, essencial na sua estratégia eleitoral.
Para os democratas, o cenário recente no Iowa trouxe uma reviravolta inesperada. Tradicionalmente republicano, o Iowa não integra os estados oscilantes mas apresentou recentemente sondagens que mostram uma maior adesão a Harris, colocando o partido numa posição competitiva. Apesar de os resultados estarem dentro da margem de erro, a resposta cautelosa dos democratas demonstra a importância de qualquer potencial mudança de voto, especialmente em estados-chave do Midwest, como o Wisconsin e o Michigan, onde o eleitorado da classe média, sem formação universitária, tem historicamente favorecido os republicanos. Kamala aposta especialmente nas mulheres desses estados, com o seu discurso de reforço dos cuidados de saúde e defesa dos direitos reprodutivos, temáticas que têm atraído eleitores indecisos.
Do lado republicano, Donald Trump foca-se em reter o apoio nos estados decisivos. No último dia de campanha, marcou presença em comícios na Pensilvânia, Michigan e Carolina do Norte. Em Raleigh, Carolina do Norte, um dos estados onde venceu nas eleições anteriores, Trump sublinhou as suas promessas de travar a imigração, combate que designa como um problema de segurança nacional. Reafirmou ainda que só perderá as eleições caso haja fraude, argumento que tem vindo a repetir desde 2020 e que a sua campanha impulsiona através da monitorização das assembleias de voto, onde foram acreditados milhares de fiscais republicanos. Estes monitores têm a missão de registar e denunciar qualquer atividade suspeita, numa tentativa de assegurar a integridade do processo eleitoral.
Apesar das críticas ao sistema eleitoral, a campanha de Trump apelou à votação antecipada, algo inusitado para o candidato, que anteriormente demonstrou ceticismo em relação a este método. Mais de 78 milhões de americanos já participaram antecipadamente no processo eleitoral, quer presencialmente quer por correspondência, o que representa um recorde e indica uma elevada mobilização do eleitorado. Secretários de Estado, incluindo de estados liderados por republicanos, têm reforçado que não existem indícios de fraude, mesmo com o volume de votos antecipados a ultrapassar os 50% do total de eleitores de 2020. Este elevado nível de participação é visto como um dos fatores que marcará o dia de eleição, prevendo-se um processo complexo de contagem e uma possível demora na apuração dos resultados.
Kamala Harris encerra a campanha na cidade de Filadélfia, com um grande evento onde se farão presentes figuras mediáticas como Lady Gaga, Ricky Martin e Oprah Winfrey, numa tentativa de atrair e mobilizar o eleitorado jovem e progressista. Com uma mensagem de união e esperança, Kamala evita mencionar Trump diretamente, preferindo focar-se nos desafios do sistema de saúde e na união entre democratas e republicanos.
As eleições, que terminam com o voto presencial, prometem ser uma das mais concorridas da história recente dos Estados Unidos, com o país dividido e atento aos resultados dos estados decisivos, especialmente da Pensilvânia, cujo peso eleitoral pode definir o vencedor.
OC/RPC