Após o fim de um relacionamento devemos fazer o devido “luto”, curto ou longo, dependendo da essência da pessoa, do modo como tudo aconteceu e terminou ou do grau do sentimento, amargo ou violento, envolvido, de forma a poder superar a perda e cicatrizar as feridas.
No entanto, após o percurso da fase do “luto”, doloroso ou não, devemos abrir uma fresta da janela para que, cautelosa e lentamente, possamos permitir reconhecer um novo mundo, uma nova realidade. Não devemos fechar-nos num casulo, nem isolar-nos de tudo e de todos, como se o mundo tivesse desmoronado ou findo abruptamente, como se a vida já não fizesse qualquer sentido…
O fim do relacionamento deve ser encarado como uma experiência e uma aprendizagem positiva de vida. Por vezes, temos de percorrer caminhos mais tumultuosos, agrestes e penosos para darmos maior importância e valor a novos sentimentos e princípios, que outrora desvalorizamos e que aniquilamos emocional e desumanamente; e, só assim é que podemos futuramente sentir, feroz e vivamente, o verdadeiro Amor…
Após fechar uma porta, devemos permitir abrir lentamente uma janela para o nosso verdadeiro Eu, para a nossa essência, identidade e existência, para voltarmos a viver com rumo e sentido, para sermos e voltarmos a ser felizes, para crescermos psicológica e emocionalmente; e, acima de tudo, para podermos sentir-nos dignos e seguros ao nosso regresso: à VIDA.
O abrir a janela não significa que estamos aptos e disponíveis para um novo relacionamento, isso depende do estádio de cada um, do sentimento e da energia emocional em que cada um se encontra. Ter um relacionamento não é necessariamente um problema ou uma exigência para sermos felizes e completos, tudo depende da nossa essência, equilíbrio e segurança psicológica e emocional, num preciso momento.
Quando alguém está bem consigo mesmo(a), não necessita de um parceiro(a) para ser feliz, para se completar ou para existir como ser pensante, que é. Pois, quando assim é, significa que a pessoa é deveras dependente, frágil, vulnerável e carente, necessitando de ajuda, proteção, cuidado, apoio do outro(a) para se considerar completa, num todo… trata-se de um puro erro irredutível e irreparável emocionalmente…
Por vezes, pessoas, mal resolvidas e inseguras, não conseguem identificar e entender que devem fazer, prioritariamente, uma introspeção minuciosa, um olhar para si e por si, bem como refletir, profunda e intensamente, sobre si, de forma a tentar ultrapassar os obstáculos, receios e medos que obstam a sua paz interior, equilíbrio emocional, o seu propósito, a sua razão de vida e, arrepiantemente, o emergir da sua felicidade.
Depois de ter fechado a porta, permita-se!
Abra a janela do seu reencontro com a VIDA…
Advogada / Responsável pelo projeto StopViolênciaContraMulheres