No coração da Área Histórica, onde o tempo parece mover-se ao ritmo lento das fachadas antigas e das ruas empedradas, a construção não é apenas uma ação, mas um ato de respeito. Os logradouros, esses espaços abertos entre edifícios, são considerados pequenos pulmões urbanos, devendo manter-se livres de edificação e cobertos de vegetação permeável, como ditam as normas do Plano Diretor Municipal (PDM).
Mas nem sempre o imutável é absoluto. Em casos excecionais e fundamentados, pode erguer-se algo novo, desde que a construção dialogue com o passado e se encaixe na paisagem como se sempre ali tivesse estado. É uma dança entre modernidade e herança, onde só se avança se o impacto for mínimo e necessário.
As regras são claras: pode erguer-se um anexo modesto, até 10 m², um espaço de circulação, ou até mesmo uma estrutura para melhorar a acessibilidade. Também são aceites pequenos refúgios de lazer, como um jardim privado, um pátio para convívio ou uma piscina discreta. Para que o equilíbrio se mantenha, qualquer nova intervenção deve reduzir a impermeabilização do solo, devolvendo à terra parte do que antes lhe foi roubado.
Assim, a Área Histórica mantém-se viva, não como um museu ao ar livre, mas como um organismo pulsante, onde o presente respeita o passado e constrói o futuro com delicadeza. Afinal, quem ousaria erguer um novo capítulo sem antes ler a história que o precede?.
OC/RPC

Editor Adjunto