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Sexta-feira, Novembro 7, 2025

A Crise da Confiança – Por Miguel Gonçalves

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Vivemos tempos em que a palavra “confiança” parece cada vez mais rara. Confiar em quem governa? Difícil. Confiar em quem promete estabilidade financeira? Arriscado. Confiar em empresas, instituições, até em líderes de opinião? Questionável.

Mas a verdade é que, sem confiança, nada funciona. Nem a política, nem a economia, nem a vida em comunidade. A confiança é o cimento invisível que sustenta relações, negócios e sociedades. Sem ela, tudo racha. É como uma ponte: pode levar anos a construir, mas basta uma fissura para desmoronar. O problema é que hoje vivemos uma inflação de promessas e uma deflação de confiança. Todos prometem muito, mas cumprem pouco. E quando a palavra deixa de ter valor, instala-se a desconfiança. O resultado vê-se nos números da abstenção, na descrença em instituições e até no afastamento das pessoas da vida em comunidade.

O curioso é que a confiança não depende de grandes discursos, mas de pequenos gestos repetidos: – Cumprir uma promessa. – Dizer a verdade, mesmo quando custa. – Ser coerente entre o que se diz e o que se faz. É nesses detalhes que a confiança nasce, e é também nesses detalhes que ela morre. Pessoalmente, tenho aprendido que a confiança é o ativo mais precioso de qualquer relação, seja num negócio, numa equipa, numa amizade ou dentro da família.

Os contratos podem proteger, os sistemas podem controlar, mas nada substitui a confiança. Sem ela, não há crescimento, não há segurança, não há futuro. A grande pergunta é: Como reconstruímos a confiança num tempo em que quase tudo nos convida à desconfiança? Talvez a resposta esteja menos em esperar pelos outros, e mais em começar por nós. Ser a voz que cumpre, a mão que ajuda, o exemplo que permanece.

Porque a confiança é como um espelho: demora a ser moldada, mas parte-se num instante. E, quando se parte, nunca mais volta a ser exatamente igual.

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