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Quinta-feira, Novembro 13, 2025

A bruxa que o pariu!

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É, sem sombra de dúvida, mais uma crónica que roça os limites do “estás a abusar da sorte”. E, claro está, vale apenas pelo título. Não estou a brincar, é mesmo só isso! Num gesto filosófico reles e amador, quis aproveitar uma peripécia (perdida no arquivo doméstico) relacionada com o Halloween – dia das bruxas para quem não aprecia estrangeirismos.

Sei que, por estes tempos mais conturbados, há grande resistência à ironia e pouca tolerância ao humor e, como tal, agradeço a paciência do director perante um provável chorrilho de reclamações. Mas, vamos em frente! A sorte e o azar estão presentes no nosso quotidiano. E, mesmo sabendo que o infortúnio é mais valorizado, a malta continua a atribuir a responsabilidade ao destino. Para estes crentes dos dias modernos, tudo acontece por culpa de outrem! Não existe “mea culpa”: evita-se a admissão de culpa, batendo no oculto. Mesmo que, numa espécie de exorcismo barato, se consiga expulsar o demónio através do manual de instruções ou explicações do próprio vendedor do carro. Um exemplo prático e verídico: várias pessoas aglomeraram-se junto de uma carrinha Renault Mégane parada no meio de uma avenida movimentada (representantes da marca, depois envio o meu NIB). Quem (de facto) viu, disse que parecia obra do Mafarrico…

Sem ninguém no habitáculo, a viatura começou lentamente a descer, atravessando duas faixas de rodagem e apenas parou quando a roda traseira encontrou o beiral mais elevado do canteiro. Nesse instante, como por magia, ficou imóvel, depois de arrancar alguns arbustos com o pára-choques. Um burburinho para encontrar o proprietário de tal objecto possuído – alheio ao facto de a sua viatura ter vontade própria para escolher um melhor sítio para estacionar.

Quando o encontraram, já um pequeno caos rodoviário se havia instalado. Em desespero, acompanhou a deslocação com uma série de palavras insultuosas, proferidas por entre a respiração ofegante de quem é alérgico a ginásios.

O momento do frente-a-frente chegou e, encarando a besta que não deveria estar ali, justificou-se (perante as testemunhas de ocasião) com o sistema do travão de mão eléctrico. Admitiu, para sua defesa, ser a terceira vez que é alertado para esta vontade própria do seu automóvel.

Todos concordaram numa possível avaria do sistema de travagem e, perante aquele júri, garantiu que vai procurar ajuda especializada e que, inclusive, um amigo já lhe deu o contacto de uma senhora que acende umas velinhas e diz umas coisas em latim. É caso para a bruxa, não para um mecânico. Problema resolvido e, caso queiram, podem ler esta crónica num espaço escuro e com voz fantasmagórica. Quem não gostou, recordo ter avisado que só tinha mesmo o título para oferecer.

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