O evento contou com a presença de Rosa Maria Aranha, advogada, fundadora do “Stop Violência Contra as Mulheres” e de Filomena da Cunha, ativista contra a violência doméstica.
Frente a uma plateia de jovens adolescentes e pais, a advogada explicou os sinais que devem ser tidos em conta nas relações entre jovens ( e não só!) e que podem indiciar “pontos críticos”, capazes de potencializar, mais tarde, violência grave.
“Tudo o que somos são repercussões do passado; seja o ódio, o amor, a paixão.” E continuou a concretizar a sua mensagem, afirmando que “uma família desestruturada cria efeitos de contágio, pois os filhos farão aquilo que viram os pais fazer.”
Na questão dos jovens, sublinhou “tudo começa no namoro”.
Segundo Rosa Maria Aranha, quando os sinais do “violentómetro” passam determinado ponto, os jovens devem “terminar a relação, pedir ajuda e, em casos mais graves, denunciar às autoridades.”
Amor Próprio
Filomena da Cunha contou a história de uma mulher que era afinal a ela própria. Este testemunho na primeira pessoa, sem tabus e sem medos, “tocou” a plateia.
Referindo que “foram 35 anos de vivência comum, 10 de namoro e 25 de casamento, a viver sob violência psicológica” e que “só terminaram quando ganhei coragem suficiente para pôr termo à situação, saindo de um casamento tóxico.”
Após várias formações para ganhar “amor próprio”, Filomena, que antes achava que “não valia nada”, passou a ser a mulher que, hoje, sensibiliza e incentiva os homens e as mulheres a despertarem para a resolução dos problemas de violência, “porque há solução.”
A ativista, serena e com um permanente sorriso nos lábios, conclui “ a culpa nunca é só de um, é dos dois. Eu também tive culpa, pois devia ter saído de um casamento que me prejudicava muito e mantive-me lá. Hoje há soluções e não faz qualquer sentido viverem amarrados a algo ou alguém que só lhes faz mal.”
Fanfarra e Douro
Os responsáveis pela escola de Vila d’Este, conhecendo bem o meio onde está inserida, propõem aos alunos diversas soluções no âmbito do desporto e da cultura. Tentam “puxá-los” para uma vivência humanizada e longe das rasteiras que a sociedade prega.
Durante o evento da “Violência no Namoro”, atuaram nos intervalos das intervenções e no fim, a Fanfarra e os Douro. Ensinados e motivados pela professora de Educação Musical, a Fanfarra é constituída , apenas, por alunos da escola, mas o conjunto musical “Douro”, além destes, abarca jovens de outros estabelecimentos de ensino.
E foram eles quem fez a festa e trouxe a alegria a um evento psicologicamente forte, mas portador de muito otimismo e esperança.
Alberto Jorge Santos (texto); António Proença (fotos); Filipe Romariz (Vídeo)
Jornalista